sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Flores de/para um palhaço


Vivemos em busca do brinde perfeito, bonito, barato, desejável e que vai virar mania.
Navegando hoje pelo Bem Legaus, me encantei com a simplicidade e a critividade dessas flores que estão a venda no site dos Doutores da Alegria.
Adequadíssimo, simples e divertido. Achei um pouco caro mas é por uma boa causa.
Por falar nisso, nesse sábado, 30 de agosto, tem McDia Feliz.
Você acha que esse assunto merece um post?
Se os leitores pedirem faço um completo sobre esta ação.

Good-bye Celulite.

O nome deste produto da Nivea é genial. A ação idem.


Direto do Invisible Red.

Que viajem!



Em post recente, mandei ver uma viagem com “j” sem o menor perdão. Tão logo o crime lesa-idioma foi cometido, um anjo da guarda comunicou a mim o ocorrido. Rapidamente, retornei ao local do crime e apaguei as evidências.

Como sempre acontece nos policiais B, o assassino, mesmo tendo removido o cadáver e os vestígios do crime, segue atormentado pela consciência pesada. No meu caso, com o agravante de haver uma testemunha.


Por que a gente viaja com “j”, mas faz viagens com “g”? Não sei, só sei que é assim, mas o piloto automático tende a nos levar para o “caminho lógico” e esse diz que a grafia do verbo e do substantivo se equivalem. É aí que o bicho pega.

São muitas as exceções e caprichosos os detalhes. Piloto automático e caminho lógico são perigosos em estradas tortuosas.

Essa experiência valeu para uma analogia com a criação de uma ação promocional. Aqui também há uma sintaxe e um léxico sobre os quais temos um mundo inteiro a construir aplicando a criatividade. Mas é um universo que tem suas regras, embora nem sempre lógicas, como tudo o que é vivo.
Ao menor cochilo, corremos o risco de planejar uma viagem com “j” e essa pode ser sem volta.

Richard Parker, um antropólogo, disse que a culpa é um sentimento interno de erro e a vergonha é quando os olhos dos outros apontam o que fizemos de errado. Nesse episódio, fiquei com as duas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A prova do fluxograma


Nada melhor para explicar a mecânica promocional do que um chart com um grafismo representando o fluxo da ação. Com alguns círculos, outro tanto de quadrados, algumas vinhetas e flechas direcionais, conseguimos dar uma visão geral de como será a campanha.

Outro dia, tentando esquematizar num fluxograma a mecânica de um projeto promocional, senti muita dificuldade em desenhar de forma objetiva cada passo da ação.
Risca, apaga, flechinha pra lá, flechinha pra cá, põe círculo, tira quadrado e nada de chegar a um resultado satisfatório.

Continuei tentando até me dar por vencido e considerar como satisfatório um esquema gráfico que lembrava a esquematização tática de uma partida de esporte.
Pedi para o diretor de arte colocar algum talento nos meus garranchos e fui cuidar de outro job.

Mas algo estava me incomodando, como casquinha de milho de pipoca no dente. Fiquei com a sensação de dever não cumprido. No fundo, julgava que ainda poderia melhorar o tal do chart.


Foi nesse ponto que percebi que não iria conseguir arrumar no esquema gráfico o que já estava torto em sua essência. Ou seja, a mecânica era confusa, com seqüências não-lógicas ou pouco fluidas. Por essa razão, os fluxos iam, vinham e se interpunham sem racionalidade, embora, uma vez desembaraçado o novelo, se encontraria o fio da meada.


Ficou daí uma lição: se você não conseguir colocar uma mecânica dentro de um esquema gráfico claro e de fluxo coerente, seu projeto já está errando na origem. Dê um ou mais passos atrás e reestruture a mecânica. Talvez ela tenha etapas demais ou transite por canais desnecessários. Não esqueça que toda boa mecânica é, antes de tudo, simples. Só isso.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A ação de oportunidade mais rápida do mundo?

Dêem uma olhada nesse jogo online que a Puma desenvolveu para ativar seu patrocínio do homem mais rápido do mundo, Usain Bolt. Acredito que essa ação apenas vem a confirmar o dna guerrilheiro da marca, que foi uma das mais beneficiadas com as Olimpíadas de Pequim - mesmo não estando entre os patrocinadores oficiais.

Caso sua conexão seja muito lenta, veja abaixo um vídeo que mostra uma pessoa qualquer batendo o recorde mundial do jamaicano:



Uma coisa é certa, os caras da Puma são rápidos.

Bienal do Livro. Muito esforço para tão pouco


Estive na Bienal do Livro pela primeira vez e de lá trago impressões as mais contraditórias. A primeira delas é o número impressionante de visitantes, ainda mais considerando que o ingresso era pago (R$ 10,00). Se algum instituto de pesquisa fosse medir o interesse do brasileiro pela leitura a partir dos estacionamentos (todos lotados), a sucuri de ônibus fretados tomando as duas faces do “palácio” de exposições do Anhembi e, óbvio, o counter das catracas, o Brasil seria, de longe, o país em que mais se lê.

A Bienal em si é um mercado persa: uma sucessão sem fim de estandes-livrarias com recursos muito pobres de arquitetura promocional e de comunicação. Na cacofonia visual de milhões de livros que se transformavam em pixels na imensidão do espaço da exposição, push-girls (nada girl, mas muito push) caçavam visitantes nos corredores de forma constrangedora. Fiquei me perguntando: alguém compra um livro pela abordagem insistente de um vendedor?


É verdade que grande parte dos visitantes portava uma sacolinha com ao menos um livro.
Como venda direta, a Bienal do Livro não aparenta ser um grande negócio, porém acho que o business está mais na porção trade faire do evento, que deve ser significativa, mas nada que represente muita novidade para as grandes editoras.

O aspecto feira predomina sobre qualquer pretensão cultural ou educativa e nisso não vai nenhuma crítica, apenas uma observação. Num mercado cuja mercadoria é vista como sagrada, ir à Bienal é como ir a Meca ou a uma romaria ao Vaticano, em que o sagrado e o profano acabam convivendo.

O detalhe interessante a se observar foi a espantosa popularidade de Ziraldo. Havia uma fila para autógrafos com o autor que dava a volta no estande e se estendia pelos corredores formando uma cerca humana que impedia o acesso a outros estandes, o que obrigou funcionários da editora e da administração do evento a atuarem como “marronzinhos”, orientando um rush de gente. O curioso é que Ziraldo fala de uma infância romantizada, a dele quando criança em Cataguases, MG, nos anos 50, quando havia “galos, noites e quintais”. Ou seja, nada com o que se identifique uma criança de hoje. E não eram os pais que tietavam Ziraldo, mas a criançada, que não se contentava com o autógrafo e queria fotos também. Isso merece uma reflexão.


De uma forma geral, fiquei com a impressão de que a Bienal do Livro é um grande esforço muito mal aproveitado pelo marketing promocional. O mais difícil eles já fazem, reunir tanta gente em torno de um produto nada popular e ainda por cima pagando por isso. O passo seguinte penso que deveria ser surpreender essas pessoas com uma experiência não com o livro, como nas livrarias, mas com todas as suas possibilidades de informação, fantasia, sonho e viagem virtual sem fronteiras.

Por incrível que pareça, nessas ocasiões, as editoras se comportam como se vendessem o objeto livro: um volume de papel encadernado com algo escrito dentro e uma grife dando aval na capa.
Do jeito que está a bienal é dos livreiros e não dos livros.

Caetano Veloso, ali nos anos de 1960, passou por uma banca de revistas da Praça da República, em São Paulo, e espantou-se com a quantidade de títulos oferecida. Poetou: “O sol na banca de revista me enche de alegria e preguiça. Quem lê tanta notícia?”.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Uma promoção que de enrolada não tem nada

Hoje pela manhã peguei o Metro e vi a promoção (nacional) mais legal desde o Ipod no Palito. Mas ao contrário desta última, ela não possui um formato inovador ou uma mecânica inusitada. É o bom e velho self-liquidated. Mesmo assim acredito que ela vai ser um grande sucesso, virar mania. E o motivo disso tudo é o brinde (geralmente o patinho feio da promoção), que por incrível que pareça é muito simples e extremamente barato. Uma grande sacada, que tem tudo a ver com a marca e com seu público. Uma promoção jovem, descolada e bem resolvida.

Agora vamos acabar com o mistério. Com vocês, a promoção Enrolados Pepsi:


(Clique na imagem para ampliar)

O pessoal aqui da agência já está de olho nos "enrolados". Para vocês terem uma idéia, eu enrolo meus fones de ouvido em volta das minhas pastas de trabalho, que ficam num organizador próximo à caixa de som. Meus problemas acabaram! Com certeza vou pegar pelo menos 2 modelos... :)

O ideal é que tudo acabe mesmo em pizza


Houve um tempo, bem anterior a este em que vivemos, que as empresas do setor promocional eram vistas e utilizadas como fornecedores do marketing, na melhor das hipóteses, ou departamento de vendas, na maioria das vezes.

Como tal, às agências não era dado pensar os problemas, propor soluções, planejar, enfim. Cabia a elas tão-somente executar.
Foram tempos pioneiros de consolidação de territórios e expansão de fronteiras. Deixaram lembranças, mas não saudades.

Fantasmas desse tempo vez por outra me assaltam quando me deparo com briefings que, no lugar de propor problemas, listam rascunhos de soluções às quais deveremos dar corpo e execução.

Os pedidos chegam invariavelmente assim: criar evento de lançamento para o produto X para tantas pessoas e algumas generalidades à guisa de informação. Em momento nenhum se questiona se o lançamento deve necessariamente ser um show com coquetel e DJ num local inesperado. Outras possibilidades, até mesmo radicalizando para um lançamento sem regabofe, não são sequer cogitadas. A solução vem pronta. O que fazemos, por mais que reinventemos a roda, é o mais, e às vezes o menos, do mesmo.


Fico imaginando quantas possibilidades teríamos de criar momentos realmente relevantes em ações-padrão do marketing promocional, se o objetivo e suas condicionantes fossem os únicos parâmetros a balizar o trabalho de criação.


No caso de um lançamento, ficaríamos livres das amarras da festa até mesmo para propormos uma festa, mas que veio como decorrência de uma estratégia e não o inverso. E assim poderíamos fazer com as demais demandas que já chegam rotuladas de viral, buzz, ação no Youtube, blitz no ponto-de-venda e por aí vai.


Tempos atrás, quando a TV por assinatura estava começando no Brasil, uma operadora que utiliza o sistema de transmissão via satélite com captação por miniantenas parabólicas queria fazer uma ação em cidades do interior, como reforço à campanha de marketing direto, antes da chegada do cabeamento, seu mais sério concorrente.

Na época, depois de cogitarmos as inexoráveis blitze, show, cessão de cinema ao ar livre, tivemos a idéia de fazer uma analogia entre a TV por assinatura e a praticidade de um serviço de delivery. Tal analogia seria necessária, pois estaríamos falando com pessoas que não tinham o menor conhecimento do serviço e muito menos necessidade dele, como os serviços de delivery até se instalarem.

Fizemos a comunicação em caixas de pizza, que, como case, hoje parece bobagem, mas na época era inédito ou, pelo menos, não tínhamos conhecimento de nada parecido feito até então. Houve, é lógico, questionamentos do tipo “comparar um serviço de alta tecnologia com pizza?”, esquecendo-se que mais do que vender uma marca tínhamos que, junto dela, criar awareness para a categoria.

O importante foi que o retorno, medido em ligações para a central de vendas, foi muito maior com as pizzas do que com a mala direta convencional.
Se o cliente tivesse feito um pedido já determinando o que deveríamos fazer e não apenas explicando o objetivo a atingir, dificilmente teríamos chegado a essa idéia, simples, mas de grande efeito em sua época.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Tristeza não tem fim...

Esse post do Seth Godin nos faz pensar.

Nós, planejadores, contribuimos para gerar infelicidade?

Ele afirma: O que temos não nos torna infelizes. O que desejamos sim.
E nosso mercado é responsável por criar desejos, muitas vezes vazios de significado. O pior é que fazemos isso vendendo a idéia de que as pessoas serão felizes com o consumo.

Não vou concluir nada. Queria apenas jogar a reflexão...

Gustavo Gontijo, versão mangá

Você provavelmente já criou seu avatar dos Simpsons ou de South Park. Isso virou mania há algum tempo, e não era raro ver os "bonequinhos alter-ego" recheando apresentações de planejamento. Pois bem, hoje encontrei outra ferramenta bem parecida, que permite criar avatares de personagens no estilo mangá. É esse site aqui.




O problema dessas ferramentas é que, por mais que eu tente, nunca consigo chegar a um resultado satisfatório. Bem, talvez o problema seja meu. Olha aí embaixo o resultado de minha tentativa frustrada (ou alguém acha que ficou parecido?):



Bom divertimento!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Hermanos

Depois da traulitada olímpica de ontem, uma homenagem a nossos vizinhos em um post duplo.

A Versão "Lego" da Bombonera.





Osvaldo
A melhor campanha de cerveja de todos os tempos.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Solte o Grito



Xingue, faça uma declaração de amor, recite um poema ou solte um grito que vai ser ouvido longe, bem longe.
A Unsworn interaction design and innovation studio, instalou no alto de uma montanha, nos fiordes (adoro essa palavra) do longínquo oeste sueco um torre com grandes megafones ligados a um telefone celular, o telemegaphone.
Você liga e solta verbo. Seu grito ecoa por todo o vale.
Uma idéia simples, daquelas que não precisam de muita justificativa ou explicação. É legal e pronto. Jamais seria aprovada em um focus group.
Uma obra de arte que poderia muito bem ser uma ação para pastilhas de garganta, operadoras de celular, veículos off-road, etc.
Gostou, quer ligar? anote aí: 00xx47 90 369389
Vi no Uhull

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Um mergulho no DNA da marca

Por que a Cadbury Adams simplesmente não copia essa idéia de Trident Splash que já está em sua 4ª edição no Canadá? Experiência de marca inusitada, irreverente e jovem, bem na pegada de Trident.

O insight? Provavelmente a refrescância do produto, simbolizada pela onomatopéia de mergulho: splash.




Se descobrirem em algum focus group da vida que essa idéia não colaria aqui no Brasil, por que então não fundir a cuca para criar uma versão tupiniquim?

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mais sangue



Depois dos pôsters impressos com sangue, é a vez do Saw Blood Drive.
Acompanhando o sucesso da franquia Jogos Mortais no cinema, os produtores firmaram uma parceria com a Cruz Vermelha para doação de sangue.
Desde o lançamento do primeiro filme o número de doadores aumenta consideravelmente.
Não existe prêmio, recompensa ou algum tipo de promoção. É apenas uma campanha de conscientização que mexe com o eterno fetiche por enfermeiras. Olá enfermeira.
No site você encontra wallpapers das enfermeiras, posters , widgets e ícones para download, o número de doadores e os locais para doar.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Macunaíma, homem, 18-24, CD

"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma."

"Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava:

- Ai! Que preguiça...

e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau da paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus."

"Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaiamuns diz-que habitando a água-doce por lá. No mocambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e freqüentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacororô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo."

Agora imaginem Macunaíma em um focus group...

Nosso herói tupiniquim aguardava ansiosamente na sala de espera, com a pulga atrás do cocar. O que estava por trás daquela singela porta de madeira com um chamativo número "3"? Não sabendo o que esperar, preferiu não fazer suas costumeiras coisas de sarapantar. Afinal, estava ali por dinheiro e não queria perder seu vintém.

Ao entrar na pequenina sala com uma mesa retangular e um estranho vidro espelhado, lembrou-se das graças das cunhatãs que por muitas vezes espiou pelo reflexo do rio. Deu um leve sorriso maroto e ameaçou se animar, mas como só havia homens ao seu redor findou por se aquietar em sua cadeira.

Alguns minutos depois entrou na sala uma mulher assustadora, e em seus devaneios Macunaíma acreditou se tratar de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã comedor de gente. E apesar de suas garantias de que todos poderiam falar o que pensavam, Macunaíma se espertou e entrou em estado de alerta para se proteger dos truques desse terrível monstro com calcanhar pra frente.

Assim como foi em seus 6 primeiros anos, sentiu uma preguiça danada de falar. E já que não tinha cabeça da saúva para decepar, se contentou em engolir coxinhas e outras guloseimas que estavam na mesa.

Enquanto isso os outros machos da sala soltavam asneiras apenas para agradar o gigante Piaimã. Macunaíma sentiu uma vontade grande de cuspir em suas caras. Mas se limitou a balançar a cabeça e concordar.

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Escrevi essa paródia do clássico de Mário de Andrade para tentar mostrar o que penso a respeito dos focus groups (e das pessoas que não conseguem fazer nada sem eles).

Ultimamente tenho participado de muitos desses grupos, para diferentes clientes e com diferentes objetivos. E me arrisco a dizer que eles não servem para nada. Minto. Servem para fazermos uma "boquinha" e nos divertirmos um pouco com as pérolas proferidas por aqueles pobres coitados que estão ali atrás de alguns trocados.

Afinal, quem consegue ser verdadeiro em uma sala abafada, ao lado de pessoas desconhecidas e uma moderadora despreparada que não sabe conduzir a conversa e chega a induzir respostas? O que dizer então da cara de macaco de circo dos nossos colegas consumidores quando são avisados de que atrás daquele espelho intimidador estão os responsáveis pelo trabalho, e observam atentamente cada um de seus movimentos?

Será que Macunaíma personificaria o anti-herói brasileiro se a história se passasse em uma sala espelhada de focus group?

Apesar de toda a teoria em torno dos mecanismos de funcionamento das pesquisas qualitativas em grupos focais e suas contribuições para o trabalho estratégico e criativo, minha crença é a seguinte: "Se você não pode peidar, não pode ser você mesmo. Se você peida e não assume, não está sendo você mesmo". Você por acaso já viu alguém peidar durante um focus group e levantar o dedo assumindo a culpa? Acreditem, após tanto refrigerante e fritura as pessoas peidam.

Estou sendo um fanfarrão irresponsável justamente para demonstrar o desprezo que sinto por esse assunto, que na minha opinião é algo tão imbecil e sem sentido quanto isso.

Pesquisas com esse formato deveriam ser banidas da face da terra. Elas tornam a comunicação mais burocrática, tentando transformar em ciência exata aquilo que não é ciência (e nem arte). Elas criam profissionais cada vez mais acomodados e medrosos, que já não conseguem mais tomar decisões por si próprios. Elas destroem uma das principais armas de um planejador, que é a intuição. Elas cerceiam a criatividade e a inovação.

O que falar então dos focus groups conduzidos com o objetivo de testar as soluções criativas de uma campanha?

"Se tudo der errado eu coloco a culpa no resultado da pesquisa, que foi super-favorável à ação", pensam os brilhantes gerentes de marketing.

Eles por acaso acaso acreditariam se eu lhes falasse que o sabor de um suco em pó de morango é o mesmo do suco natural, feito com frutas frescas? Não! Isso porque você nunca vai conseguir reproduzir "em laboratório" o efeito que determinada ação teria "in loco". Por melhor que seja a mancha ou a vídeo-colagem...

Ou você acha que a emoção de uma mulher ao ser pedida em casamento é a mesma quando ela apenas vislumbra a cena?

Akio Morita, um dos fundadores da Sony Corporation, disse:

"We don't ask consumers what they want. They don't know. Instead we apply our brain power to what they need, and will want, and make sure we're there, ready."

Gênio.

Pode parecer loucura um planner criticar uma ferramenta que por muito tempo ajudou a entender consumidores e construir estratégias. Mas será que essa ajuda foi maior que seus prejuízos? Quantas boas idéias já não foram sacrificadas? Quantas estratégias vencedoras não ficaram pelo caminho? Quantos profissionais medíocres conseguiram sobreviver escondidos atrás dos extensos relatórios de pesquisa?

Gostaria de esclarecer que não estou criticando todos os tipos de pesquisa. A Box 1824 e a CO.R estão aí para provar que é possível gerar consumer insights relevantes utilizando formatos e ferramentas que não façam as pessoas se sentirem intimidadas como professores de física em um picadeiro.

Mas optei por ser radical justamente para evidenciar um ponto de vista sem ficar em cima do muro. Afinal, é uma hipocrisia falar de mudanças comportamentais do consumidor, fragmentação das mídias e novas ferramentas de comunicação se ainda levam em consideração o que é "descoberto" com esse arcaico tipo de pesquisa.

Diante desse novo cenário, você acredita ser coerente aceitar respostas vindas de uma sala com 8 homens, CD, 18-24?

Acho que essa é uma discussão pertinente e importante, e por isso seria legal ter a sua participação nos comments. Encaminhem o link desse post para seus amigos planners (e anunciantes) para tentarmos salvar a comunicação das terríveis garras burocráticas dos institutos de pesquisa, também conhecidos como gigantes Piaimãs comedores da criatividade.

Como você viu em minha releitura do clássico da literatura nacional, em nenhum momento Macunaíma disse à moderadora que ele só queria sua Muiraquitã...

Quadro sem moldura

Recebi o e-mail que reproduzo abaixo integralmente, menos pela experiência em si, com resultados óbvios, mas pela reflexão que o case suscita. O texto é de Márcio Bindo, publicado na revista Vida Simples.
Vamos ao e-mail:


Quando o luxo vem sem etiqueta..
.

O cara desce na estação do metrô de NY vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.


Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes, ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.


Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.


A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.


Bem, pessoalmente estou convencido que nós somos nós e a nossa circunstância, o que demonstra esse caso do violinista. Joshua Bell e sua música existem independentemente do local onde ocorram, mas só são percebidos como tal nas circunstâncias que permitam que isso se revele.



quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Conceitos prévios, preconceitos



Tenho conceitos prévios sobre os negros, os índios, os judeus e os muçulmanos.
Tenho conceitos prévios sobre as lésbicas, os gays e os bissexuais.
Tenho conceitos prévios sobre nordestinos, gaúchos e argentinos.
Tenho conceitos prévios sobre tudo o que for externo e estranho ao meu quintal.
Tenho, enfim, conceitos prévios sobre tudo.

Nasci com três séculos de escravidão, cinco de conquista do continente americano, um milênio e meio de cristianismo e mais uma cambulhada de civilização.
E por ter tantos conceitos, que herdei como os genes e os tiques, é pelos olhos do mundo que o mundo vejo.
Tenho que ficar atento e alerta. Tenho que fazer todo um exercício para negar princípios que não formulei, mas me fizeram meus.

Por isso, na hora de planejar, de buscar criar ações que falem não à razão, mas à emoção, é preciso estar nu, se não totalmente, pelo menos com menos roupa possível. Afinal, como disse Gil, se quisermos falar com Deus (ou aos sentimentos, como é o caso) temos ”que ter mãos vazias, ter a alma e o corpo nus”. Não podemos quebrar a barreira da objetividade, se não vermos o outro além dos estereótipos para, aí sim, tocar sua sensibilidade.

Negar essa realidade é fingir-me de algo que não sou e isso é o que transforma conceitos prévios em preconceitos.

Brasil x Argentina - um clássico ambiental?

Imagine quais seriam as consequências para o meio-ambiente se a rivalidade Brasil x Argentina fosse válida também para iniciativas eco-friendly?

Essa foi a idéia de outros dois países historicamente rivais, Japão e Coréia, concretizada em uma campanha publicitária que começou a ser veiculada em julho, com o nome de "Eco-rival". Nos filmes uma atriz sul-coreana e um ator japonês citam iniciativas eco-friendly de seus respectivos países, incitando os dois povos a cultivar sua rivalidade também nesse quesito. E com isso acabam compartilhando "idéias verdes".


Coréia do Sul


Japão

Retomando a pergunta do início do post, não seria legal se essa idéia fosse adotada também por Brasil e Argentina? Acredito que essa é uma maneira muito criativa e inteligente de chamar atenção para a causa ambiental, e pode inclusive trazer resultados significativos.

Se alguém aí conhece um figurão importante e tem a possibilidade de levar a idéia pra frente, sinta-se à vontade. Ou entre em contato conosco. Já imagino as possibilidades de ações promocionais para ativar essa campanha por aqui... Seria muito bom ajudar a ganhar mais esse clássico.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Idéia simples para um barbear suave

Eu gosto de idéias simples.
E essa é uma idéia simples:



Transformaram o rodo de limpar pára-brisa em um barbeador da Gillette, e com isso conseguiram materializar de forma lúdica o barbear suave proporcionado pelo aparelho. E o melhor: em postos de gasolina, ponto de contato muito adequado para impactar o público masculino.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Imagens mais que ilustrativas

As vezes uma boa apresentação depende de algumas imagens chave.
Se você sempre tem dificuldade em encontar imagens bonitas, com boa resolução e principalmente atuais, seus problemas acabaram. Não precisa mais encher o saco do diretor de arte.
O jornal Boston Globe tem uma sessão chamada Big Picture, que traz sempre lindas fotos sobre os temas do dia e um arquivo com as imagens publicadas desde maio.
Vale a visita.

Ó Tricolor



O esporte é um campo muito fértil para ações promocionais.
Tem marcas fortes, paixão, competição e um amor incondicional.
Visando se tornar a maior torcida do Brasil na próxima década, o São Paulo inaugura hoje mais um projeto. O Santo Paulo Bar. Mais que um simples bar temático, ele fica dentro do estádio do Morumbi, com vista para o campo e promete se tornar um point para assistir aos jogos do Tri-mundial ao vivo e pela pela TV, quando o São Paulo jogar fora de seus domínios.
Visite o site e saiba mais sobre o único bar tri mundial e tri da libertadores.
Os próximos projetos são uma livraria e uma faculdade de fisioterapia com a marca do Reffis.

UPDATE: Veja como foi a festa de inauguração no blog do Daniel Perrone.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O maior evento do ano

Para quem não viu, tente ver a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, transmitida hoje pela rede Globo. Sem sombra de dúvida é o maior evento do ano, e um dos maiores da história. Por isso mesmo trata-se de uma excelente referência para nós, que trabalhamos com marketing promocional.

Durante todo o tempo eu fiquei imaginando como deve ter sido o processo de desenvolvimento desse "job" homérico. Desde o planejamento e criação até a produção. Afinal, precisavam ser 4 horas ininterruptas de encantamento (tirando a parte da apresentação das delegações, que é meio cansativo), e nada podia dar errado. Absolutamente nada.


O resultado foi um show de criatividade, que mostrou ao mundo toda a pujança econômica da China, uma nova potência mundial que ganha cada vez mais espaço no cenário global.

Fiquem com o momento em que a tocha olímpica foi acesa. Essa certamente é a "ação" mais importante do "plano 360º", e sua brilhante execução dá uma amostra da grande festa que a China ofereceu ao mundo.

Tente fazer bom uso de suas referências

Quando vi o case que me motivou a escrever esse post, lembrei-me instantaneamente de um verão que passei com minha família em Natal, Rio Grande do Norte. (E ao escrever a última frase lembrei-me instantaneamente desta famosa cena do cinema). Na época eu devia ter por volta de 11 ou 12 anos, e fiquei realmente impressionado quando vi artistas na praia vendendo desenhos de areia feitos em recipientes de vidro. Bem parecidos com esse aí embaixo:

Não sei se o criativo que teve a idéia da ação que vou compartilhar com vocês passou por uma experiência semelhante a minha, mas ele soube utilizar a referência da forma correta, no momento correto, para o produto correto. E isso é muito importante, porque de nada serve uma referência se ela não for aplicada em um contexto adequado.

Qual era o contexto?

Mostrar que o Mercedez Benz G-Class possui uma ótima performance em qualquer terreno. É como se ele e o terreno fossem um só.

O resultado vocês vêem abaixo (clique na imagem para ampliar):


Gostou da idéia e quer tentar fazer seu próprio desenho na areia? O Panhoca me deu uma ótima dica, e por causa dela estou há alguns minutos tentando dar uma de artista nesse site aqui. Bom proveito!

De mulatas e bundas


A agência resolveu surpreender o CEO de seu principal cliente, em visita ao Brasil, com um presente original. Como ele tinha por hobby o surf, o souvenir escolhido foi uma prancha confeccionada por um shapper brasileiro de renome.

Para a produção da tal prancha foi convocada também a Criação, que deveria fazer o visual que a decoraria.

Todos os estudos apresentados se utilizavam de um design predominante nas Wired e publicações de referência no gênero. Eram muito bonitos, mas neles nada havia que os destacassem de uma paisagem “globalizada”, tendo todas as características de um produto adquirido em uma boa loja do ramo em qualquer país do mundo.
Argumentei que em todas as propostas de design faltava a “alma” brasileira, algo que realmente pudesse ser apresentado como uma lembrança do Brasil. Tal observação provocou indignações e protestos:

Somos uma agência internacional, nosso trabalho tem que refletir isso – ponderou, com razão, um diretor de arte.

Temos que fugir do estereótipo de mulatas e bundas! – reforçou outro. E por aí foram as argumentações, a maioria delas correta e refletindo uma preocupação sadia em fugir dos clichês.

Não conseguimos gerar outro grafismo para a prancha, que ficou mesmo com seu perfil globetrotter, mas isso acabou por provocar uma reflexão: como sermos nós mesmos sem o sermos por caminhos que nos envergonhem? Por outro lado, devemos questionar também a própria vergonha; ela é dos signos em si ou resulta por revelar nosso sapato sujo de terceiro mundo, acusando nosso complexo de vira-latas, como resumiu Nelson Rodrigues?


Não nos envergonhamos em portar os clichês estrangeiros nem eles se incomodam com os seus. Pelo contrário, os exibem até orgulhosamente. Também me incomoda esse Brasil cantado em araras, Cristo Redentor, Pão de Açúcar, vitória-régia, coqueiros, baianas quituteiras, mulatas e bundas. Um Brasil de cartão-postal e pôster de agência de viagem. Mas qual é a alma do Brasil, qual a sua cara?

O Brasil é o lixo que consome

Ou tem nele o maná da criação?

Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho

Que é o Brasil zero a zero e campeão

Ou o Brasil que parou pelo caminho:

Zico, Sócrates, Júnior e Falcão


O Brasil é uma foto do Betinho

Ou um vidro da Favela Naval?

São os Trens da Alegria de Brasília?

Ou os trens de Subúrbio da Central?

Brasil Globo de Roberto Marinho?

Brasil bairro, Carlinhos Candeal?

Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas

Ou quem das ilhas vê o Vidigal?

Brasil encharcado, palafita?

Seco açude sangrado, chapadão?

Ou será que é uma Avenida Paulista?

Qual a cara da cara da nação?


(Celso Viáfora e Vicente Barreto)

Desenhe seu ônibus


Os tradicionais ônibus da capital inglesa serão modernizados.
E sabe quem vai vai projetar os novos latões londrinos? Os usuários.
A Prefeitura está promovendo um concurso de design A New Bus For London.
São duas categorias: Design, para quem tem "a manha" do desenho técnico e Imagine, para aqueles que tem boas idéias mas não tem exatamente o dom do desenho.
Os vencedores levam 25 mil "libras estrelinhas", como diria Mané Garrincha.
Se você manda bem no design, não perca essa chance.

Dica da chefa, Tati Palladino.

Update com texto do meu companheiro Ary Ventura.
São duas categorias, Imagine e Design.

Na Design, o sujeito vai ter que projetar o ônibus inteiro, desde o parafuso da roda até o painel.
Se a prefeitura fosse encomendar isso pra uma empresa como Mercedes ou Scania ou a própria AEC (que já fabrica o busão deles), os nêgo iam cobrar no mínimo 500 mil libras só pelo projeto...
Espertinho esse prefeito hein? Vai ter gente se matando pra ganhar o concurso, os caras vão ter um "banco de projetos" gigante e tudo por apenas 25 mil libras! Negócio da China!
Já a categoria Imagine, os caras vão dar 1000 libras pras melhores idéias. É só escrever elas em inglês e mandar pros caras. Precisa de um rafezinho. É só despejar a idéia no teclado desenhar no guardanapo e dar um send. Justo!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Um enigma


A VERDADE ESTÁ ACIMA DOS FRACOS E DOS MEDÍOCRES

7 - 8 -14 - 15 -21 - 22 - 23 / 31 - 32

Sempre dá


Tem horas que as coisas parecem definitivas.
Parece que não dá para fazer nada novo.
Aí vem alguém que manda o consumidor para uma viagem no espaço, alguém enfia um iPod dentro de um sorvete e mais um monte de cases que já estamos cansados de ver.
A prova de que sempre dá para mudar são os famosos pictogramas de esporte como estes aí de cima.
Eles sempre me pareceram definitivos, mas alguém conseguiu fazer diferente para as olimpíadas. Sem perder a qualidade, a identidade e principalmente a simplicidade.

Coragem

A Red Bull já construiu e consolidou sua marca com filminhos non-sense de animação tosca e patrocinando atividades radicais, malucas e perigosas.
A maioria dos clientes ficaria com medo de ver um atleta ou doido desses se esborrachar com a sua marca no peito. É preciso ter coragem para construir uma marca forte, com personalidade e que te possibilita vender uma latinha de refrigerante 5 vezes mais cara que a maioria dos concorrentes.
Todo esse blá, blá, blá foi só para justificar esse vídeo.
Tudo bem que Red Bull te dá asas, mas esse cara exagerou.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Mágica

Sabe aquele ppt com 250 slides que você preparou para uma simples promoção de compre e ganhe?
Cuidado para nåo parecer o mágico do video na hora de apresentar.

Fast Strategy (ou Estratégias Rápidas)

Vi aqui essas 17 dicas para se chegar a uma estratégia mais rapidamente:

1. Time is not the problem in creating strategy, ideas are. If you can find an idea the time will find itself.

2. Ideas first, facts second. Facts only make sense in the light of an idea.

3. There are only two criteria for judging your creative strategies - are they simple and are they interesting.

4. It is vital to be interesting, it is merely important to be right.

5. If you look in the same place as everyone else you will never find something interesting, no matter how clever you are.

6. Every great solution comes from a great problem. Make sure you understand the problem behind the problem that you are trying to solve.

7. Anything and everything can help you. Take a walk and think about how every shop, sign, ad, conversation and observation might help you solve the problem.

8. Be prepared. Keeping reading the weird shit.

9. Keep your focus on finding out the things you didn’t know you didn’t know.

10. Call upon your latent strategies, the strategies that you have always wanted to use but have never had the chance.

11. Remember that the stale strategic idea of one category is the ground breaking step forward in another.

12. Jam with other people, online or face to face. But don’t engage that trojan horse of mediocrity, the brainstorm.

13. Ask yourself what the brand’s position might be about the something we all care about.

14. A position is an opinion. We live in an age of conversation and opinions are the lifeblood of all conversations.

15. Plan from within. How do you feel about the brand, category or the wider world? How do you explain your own behaviour? You are not unrepresentative, you live in the same brand landscape as everyone else.

16. Trust your instinct - its the most truthful resource you have.

17. Fast strategy is more about decisiveness than speed. Often we need strategic courage more than haste.


Eu até ia traduzir, mas aí lembrei que esse é um blog para planejadores e por isso você deve ter no mínimo uma boa noção de inglês.

Caso contrário clique aqui.

(Esse não é um post pago... rsrs)

Um desafio de Paul Arden.2 – A resposta


No post Um desafio de Paul Arden, reproduzi um pequeno trecho de seu livro “Tudo o que você pensa pense ao contrário”, no qual era proposta a escolha ou criação de um slogan para o Victoria & Albert Museum.

A opção escolhida por Elizabeth Esteve-Coll, diretora do V&A foi:


Victoria & Albert Museum
Um café de primeira com um simpático museu anexo

Sei que é polêmico, ainda mais em se tratando de uma instituição (museu) vista como um templo da cultura e que o conceito “arte”, por si só, já remete a uma certa sacralidade. Sei também que houve um Duchamps dessacralizando tudo isso, mas cuja rebeldia denunciativa, como querem alguns, ou meramente oportunista, como afirmam outros, já foi devidamente enquadrada e comportadamente contida em museus.

Fico imaginando o escândalo em apresentar algo no gênero para os nossos museus. Esse slogan assume que ir a um museu é, antes de qualquer coisa, um programa de entretenimento (Um café de primeira) e, em segundo lugar (com um simpático museu anexo), um programa cultural, educativo. O que não deixa de ser um sacrilégio diante da forma como as associações dos amigos da arte vêem os museus que administram.

É polêmico, repito, mas também provocativo, e isso nos obriga a pensar ou repensar valores e conceitos. É bom registrar que Paul Arden foi diretor-executivo de criação da Saatchi & Saatchi e depois chutou o pau da barraca para ser um duchampiano diretor de comerciais e proprietário de uma galeria de fotos. Arrisco dizer que Arden encontrou no marketing uma forma de iconoclastia pela mercantilização. Daí, talvez, a irreverência.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Brinde certo



As vezes basta um bom brinde para uma promoção de sucesso.

Planos de vôo


Às vezes, eu me sinto como o Hagar diante de uma equipe de Eddie Sortudo tentando desesperadamente encontrar uma solução impossível para um problema mal proposto, ou desafio, como os clientes gostam de dizer.

Dia desses, perdemos uma concorrência na qual o briefing pedia que se criasse uma plataforma de ação em 360º. Até aí, nenhuma novidade nesses tempos de estratégias holísticas. A questão era que a marca em seu segmento era percebida como de segunda linha, a distribuição era toda terceirizada, inclusive a logística, muito pouco se sabia do mercado e a verba, bem, essa não tinha novidade, como diria o personagem Prof. Raimundo, do Chico Anysio, aproximando o polegar do indicador da mão direita, era “assim, ó”.

Alunos aplicados das ad schools da vida, despejamos o arsenal de comunicação de marketing que conhecíamos: conceito criativo, marketing de incentivo, marketing de relacionamento, presence marketing, enxoval de PDV, enfim o famoso onde estamos, para onde queremos ir e como vamos chegar lá.

Lógico que o orçamento não coube na verbinha, mas optamos por mostrar o tal do plano ideal para depois, sendo o caso (e seria), ajustar a verba.


Em resumo, encurralados na borda do precipício, optamos pelo impossível e encontramos a saída num vôo para baixo, também conhecido como queda. O trabalho vencedor simplesmente ignorou o briefing que nos acossou e concentrou os esforços numa única ferramenta, uma promoção, usando a internet como mídia e plataforma. Resultará em muito buzz e não previsíveis vendas, mas foi uma solução que não tentou bater os braços na vã esperança de eles virarem asas.

Novidade saindo do chuveiro

Você já recebeu algum sampling de shampoo? Eu já, apesar de não me lembrar de qual marca. Mas lembro-me que o produto veio em uma miniatura da embalagem original, algo que deve ter sido dispendioso por interferir na linha de produção.

Não existiria um jeit
o mais simples, prático e econômico de realizar uma ação desse tipo?

Hoje em dia já existe. Inventaram o shampoo em papel. Como você pode ver na imagem abaixo, são pequenos retângulos de papel embebedados em shampoo. Você só precisa esfregar uma unidade na cabeça e pronto!



Obviamente esse produto não foi inventado para facilitar o trabalho de profissionais de marketing promocional. Seu público primário são as pessoas que vão viajar, e com isso correm o risco de ter sua mala inundada com o líquido pastoso do shampoo ou então simplesmente esquecerem uma embalagem cheia do produto no local onde ficaram hospedados. Afinal, quem nunca passou por isso?

Disney é para os fracos



Um parque de diversões inteiramente montado com equipamento pesado de construção.
Escavadeiras, tratores, empilhadeiras e outros monstros amarelo foram transformados em brinquedos na Diggerland.
Na verdade são 4 parques espalhados pela Inglaterra.
Fiquei sem palavras de tanta vontade de ir.
Veja mais no site deles.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Um desafio de Paul Arden


Em seu livro “Tudo o que você pensa, pense ao contrário”, entre outras saborosas provocações, Paul Arden, relembrando um case “fora da caixa”, propõe um desafio:
Qual slogan você escolheria para o Victoria & Albert Museum?
E aí segue o briefing by Paul Arden:

Você é o presidente, diretor executivo, curador ou membro da junta do Victoria & Albert Museum. Quer ter mais movimento no museu e quer que a publicidade o ajude nisso. Apresentam-lhe os seguintes slogans:


Victoria & Albert Museum
O museu das artes

Victoria & Albert Museum
A arte do museu

O novo V&A


Victoria & Albert Museum
Aqui não cabe arte velha e chata

Victoria & Albert Museum
Um café de primeira com um simpático museu anexo

Continua Arden: Num museu, a primeira pergunta é sempre “Onde fica o banheiro?”. A segunda é: “Onde fica o café?”. Uma xícara de café e uma fatia de bolo podem ser um atrativo maior do que toda a coleção do V&A.
Uma visita a um museu é um passeio. Deve ser divertida, bem como instrutiva.
Os curadores têm de preservar a arte e os diretores estão lá para servir ao público, aos curadores e a si mesmos.
Então, coloque-se na posição deles. Que frase você vai escolher? Uma que seja eficaz junto ao público ou uma que preserve a dignidade do Victoria & Albert Museum?

Volte às opções de slogan acima e escolha a sua ou crie outra. No próximo post eu mostro qual foi a opção escolhida pelo V&A.

A última dos japoneses

Todo mundo já deve ter ouvido alguma crítica relacionada aos problemas de obesidade e sedentarismo provocados pelo abuso de games e aparelhos eletrônicos, principalmente por parte de crianças. E todo mundo está cansado de saber que os japoneses são fissurados em tecnologia e gadgets.

Com o objetivo de estimular as crianças a praticarem atividades físicas sem deixar de lado sua paixão pelos games, foi lançado no final de julho no Japão o Jinsei Game Puchi, um "pedometer-based game" (ou jogo movido a passos). Parece que estou falando japonês? Pois bem, trata-se do velho Jogo da Vida no formato Tamagochi, e a grande sacada da traquitana é que ela funciona apenas quando a pessoa está em movimento.

A cada 300 passos a roleta gira e você pode fazer um movimento. É impossível jogar parado, sentado no sofá. Ou seja, você arruma emprego, tem filhos, compra um carro e vive sua "vida" enquanto anda (em sua vida real). Só podia ser coisa dos japoneses...



Parece bobeira, mas essa bugiganga reflete uma tendência latente em todo o globo (não os biscoitos, o planeta): a busca pela saudabilidade, mesmo que apenas aparente. E caso o negócio de seu cliente seja influenciado por essa tendência, seria legal ter isso em mente quando for planejar uma campanha ou promoção. Acho que foi justamente isso que a Coca-Cola fez em sua atual promoção, "Corda na Rua". Apesar de não acreditar que "pular corda" seja um tema realmente relevante no Brasil, gostei bastante da idéia do Coke Player, um MP3 com contador de pulos, mecanismo muito semelhante ao do Jinsei Game Puchi.

Nós, como planejadores, temos o poder de propor ações que estimulem a prática esportiva e tragam benefícios para a saúde das pessoas. Planning for good.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Um case para o fim de semana

Será que algum anunciante brasileiro teria coragem de levar a idéia adiante?

A gênese do gorila


Quando a vida estava em formação na Terra, muitas das possibilidades surgidas feneceram nos mais diversos estágios de desenvolvimento. Mesmo depois de zilhões de anos pós big-bang, a vida continua sendo de uma fragilidade tal que me pergunto como ainda permanece ocorrendo.

A questão vem a propósito do filme do gorila da Cadbury’s (prometo que é a última vez que toco nesse assunto) e da promoção “iPod no Palito”, da Bullet. Explicando: ambas as campanhas têm um componente non sense que fica óbvio só depois de produzido. Como para chegar à produção temos que passar pelos 12 hercúleos trabalhos da aprovação, com o trabalho ainda em estágio de conceito, fica a pergunta, como é que eles conseguiram?

O comercial do gorila é simplesmente impossível de ser explicado numa sinopse e mesmo com o recurso de um storyboard. Ou seja, haja imaginação para visualizar o filme com todo o seu potencial de encantamento, surpresa, envolvimento e até humor. A única forma de contornar esses problemas seria produzindo o comercial “no risco”, coisas que seriam impensáveis em nosso meio.

A promoção “iPod no Palito”, por sua vez, como já disse em outro post, é o tipo de idéia boa para se matar num brainstorming. Como idéia, não resiste a meio argumento contra. Com os prazos que nós temos para apresentar um projeto, dificilmente é possível desenvolver um estudo de viabilidade, ainda mais quando essa viabilidade diz respeito a colocar um iPod dentro de um picolé. Mas o Neto e seus blue caps conseguiram. Ficou faltando só o pessoal da Bullet mostrar o caminho das pedras.

Pelas leis darwinianas, somente os mais fortes e melhor adaptados sobrevivem. Não acredito que isso se aplique cem por cento ao nosso meio, onde já vi muitas boas idéias terem sua evolução interrompida somente por não termos sabido tratá-la tanto em sua concepção, na agência, como em sua gestação no cliente.