terça-feira, 5 de agosto de 2008

Planos de vôo


Às vezes, eu me sinto como o Hagar diante de uma equipe de Eddie Sortudo tentando desesperadamente encontrar uma solução impossível para um problema mal proposto, ou desafio, como os clientes gostam de dizer.

Dia desses, perdemos uma concorrência na qual o briefing pedia que se criasse uma plataforma de ação em 360º. Até aí, nenhuma novidade nesses tempos de estratégias holísticas. A questão era que a marca em seu segmento era percebida como de segunda linha, a distribuição era toda terceirizada, inclusive a logística, muito pouco se sabia do mercado e a verba, bem, essa não tinha novidade, como diria o personagem Prof. Raimundo, do Chico Anysio, aproximando o polegar do indicador da mão direita, era “assim, ó”.

Alunos aplicados das ad schools da vida, despejamos o arsenal de comunicação de marketing que conhecíamos: conceito criativo, marketing de incentivo, marketing de relacionamento, presence marketing, enxoval de PDV, enfim o famoso onde estamos, para onde queremos ir e como vamos chegar lá.

Lógico que o orçamento não coube na verbinha, mas optamos por mostrar o tal do plano ideal para depois, sendo o caso (e seria), ajustar a verba.


Em resumo, encurralados na borda do precipício, optamos pelo impossível e encontramos a saída num vôo para baixo, também conhecido como queda. O trabalho vencedor simplesmente ignorou o briefing que nos acossou e concentrou os esforços numa única ferramenta, uma promoção, usando a internet como mídia e plataforma. Resultará em muito buzz e não previsíveis vendas, mas foi uma solução que não tentou bater os braços na vã esperança de eles virarem asas.

Um comentário:

Gustavo Gontijo disse...

Entendo você, Marinho.
E acredito que devamos sempre estar atentos e fazer uso de nosso bom senso e intuição para evitar esse tipo de situação (que não foi um exemplo isolado). Principalmente porque muitas vezes nem mesmo os clientes sabem o que querem.

Certa vez li uma reportagem que contava um episódio de uma agência (Droga 5, Anomaly ou outra dessas novas grandes) que ganhou uma concorrência da Virgin sem mostrar um único filme de TV. E esse foi um dos diferenciais que influenciou a vitória.

O cliente percebeu que a agência foi fiel a um pensamento estratégico, ao invés de apenas responder ao briefing ou tentar utilizar ferramentas que otimizem seus lucros.