quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cagada mesmo.

Imagine se a VW fizesse uma versão moderna da Brasília?


E se o famoso GTI voltasse a reinar soberano nas ruas?


Todo mundo com mais de 25 anos, de alguma forma viveu bons momentos a bordo ou sonhando com os carros da VW.

Entre eles, o designer Du Oliveira, o irmão do Décio.

Por hobby, ele redesenha clássicos da indústria automobilística nacional e posta em seu blog. São meros exercícios de design, nem sempre com resultado satisfatório, mas muito divertidos.

A cada novo post no blog do irmão do Décio minha memória vai longe, relembro dos sonhos que tive com nossas carroças da década de 80 e me conecto diretamente com a marca recordando de seus velhos filmes do anúncios em PB nas revistas e da minha esperança de conseguir comprar um Gol GTS 1.8 quando completasse 18 anos.

Eu e milhares de leitores achamos o blog do irmão do Décio e seus trabalhos maravilhosos.

A VW não acha.

Nesta semana, o Du Oliveira recebeu uma notificação da montadora exigindo que todos os trabalhos e citações da marca fossem retirados do ar por uso indevido da imagem.

Veja o que aconteceu aqui e aqui.

Esse post tem o intuito de mostrar que muitas marcas ainda não aprenderam a lidar com este novo cenário, onde um consumidor chega ao ponto de amar tanto uma marca que se sente parte dela, que quer colaborar, usar e as vezes abusar dela.

Em tempos de blogs “Eu Odeio”, ter sua marca bem tratada deveria ser motivo de orgulho.
Os comentários no blog vem sempre carregados de boas lembranças, elogios e sentimentalismo.

Parece que a indústria automobilística ainda tem muito que aprender sobre conteúdo colaborativo. Mini e Smart são boas exceções.

Sério mesmo que uma empresa do tamanho da VW acha que os desenhos do irmão do Décio oferecem perigo à imagem da marca? Ou será só um exercício de bater o salsichão na mesa?

Segundo o Flávio Gomes, a VW parece ter se arrependido da notificação, mas agora, como sempre, é tarde.

Web 2.0 ainda é para poucos.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

- How about some herpes?



ctrl C - ctrl V do Invisible Red

Uma analogia presente em nosso dia-a-dia

A integração entre planejamento e criação já é um assunto velho, porém sua importância é tamanha que sempre precisamos revisitá-lo.

É justamente isso que farei agora, postando uma imagem muito interessante que vi aqui.

terça-feira, 28 de abril de 2009

O trabalho impossível. Será mesmo?

Isso aqui é a coisa mais incrível que vi nos últimos tempos.

Estou falando do trabalho de três estagiários da agência sueca Volontaire para tentar ganhar a conta global da Adidas. Mesmo que o objetivo não tenha sido cumprido (pelo que eu entendi o job não era "real", mas sim uma pró-atividade), os garotos desenvolveram um trabalho de dar inveja - saudável - em muita gente. E certamente conquistaram seu lugar ao sol na agência.

Vale a pena gastar uma boa meia hora explorando o site para conhecer toda a genialidade desse "impossible pitch", que deu um significado diferente ao conceito "impossible is nothing".

Dica do meu amigo Alisson Avila.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

5ª Planner Survey

Se você é um planejador, ocupe 10 minutos do seu tempo respondendo a essa pesquisa sobre nosso ofício. Trata-se da 5ª edição da Planner Survey, iniciativa que busca entender a dinâmica do trabalho do planejamento em agências de diferentes lugares do mundo.

798 pessoas responderam a pesquisa no ano passado, e a expectativa é que nesse ano o número ultrapasse a marca de 1000 participantes.

Acredito ser muito importante a participação de toda a comunidade de planejadores para contribuir com a formação de um conhecimento mais qualificado sobre nosso trabalho. As respostas certamente irão gerar reflexão e estimular novas visões e atitudes.

Para responder o questionário, clique aqui.
Para receber os resultados da pesquisa, que serão divulgados em julho, cadastre-se aqui.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Você guarda um segredo?

Todo mundo já deve conhecer o Post Secret. Ele foi assunto de um post do Bruno nos primórdios do Promo Planners.

Trata-se de um blog que revela segredos ocultos enviados por correspondência pelos seus próprios "guardiões".

Hoje descobri um site que bebe da mesma fonte, só que de uma forma diferente. É o Secret Message Service, que também revela segredos de anônimos, só que esses são enviados por SMS.

Postei isso aqui porque acho interessante esse movimento de compartilhar segredos com o mundo. Segredos que antes não eram compartilhados nem com os melhores amigos. Qual seria a razão disso? Estariam loucos os deuses? :)

Na minha opinião, esse é um movimento irreversível. O ser humano é um animal social, e ele sente necessidade de interagir com seus semelhantes. Essa interação ocorre de diferentes maneiras, e a internet impulsionou várias delas.

(Só esse tópico da interação daria assunto para vários posts, mas vamos nos focar na questão do compartilhamento de segredos).

Antigamente as pessoas escreviam seus segredos em diários, guardados em um esconderijo a 7 chaves. Mas o que era um diário senão um confidente, uma ferramenta para exteriorizar pensamentos e sentimentos? As pessoas não foram programadas para guardar segredos, e eu aposto que no fundo toda adolescente desejava que alguém encontrasse e lesse suas confissões.

A internet veio ao encontro desse desejo. Agora as pessoas podem contar ao mundo tudo que acontece em suas vidas. E caso o fato seja muito comprometedor, basta postar no anonimato. De qualquer forma, alguém, em algum lugar, estará lendo. E a sensação de não ser o único a saber de algo já é o suficiente para confortar.

Blogs, fotologs, redes sociais, sites com conteúdo colaborativo... tudo isso só é uma realidade hoje por causa dessa necessidade do compartilhamento.

Hoje já não basta pensar para existir, é preciso também compartilhar.

É justamente por isso que o Promo Planners existe. Mas esse é nosso segredo, tudo bem? ;)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um link que vale a pena

"Pense em idéias sociais, e não em mídias sociais."
Gareth Kay, head de planejamento da Modernista!, defende essa afirmação aqui.

Texto claro e esclarecedor.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Anti-promoção ou promoção derradeira?



Estava lendo uma matéria no site da revista Promo e me deparei com uma matéria no mínimo curiosa: "American Express will pay customers to leave". Sim, amigos, a crise ainda assola as pequenas empresas e grandes negócios de nosso planeta.

Dessa vez foi a American Express, que convidou alguns clientes a quitar seus débitos e encerrar suas contas, em uma iniciativa inédita que a própria companhia nomeou de "pequeno projeto piloto". Para evitar maiores atritos, a American Express ofereceu US$300,00 àqueles que aceitarem a proposta.

A empresa não informou a segmentação utilizada para a ação, mas disse que os clientes impactados não estavam utilizando o cartão de forma ativa nos últimos meses. Posto isso, imagino que eles tenham utilizado o tripé RFV (Recência, Frequência, Valor) para definir a "base rejeitada".

Com esse critério eles evitam cometer injustiças, e provavelmente não vão receber muitas reclamações (talvez haja até algumas pessoas felizes com a recompensa inesperada).

Desse raciocínio surge a pergunte que forma o título do post. Você acredita que essa ação é prejudicial para a imagem da empresa (anti-promoção) ou que ela é correta e importante para o negócio (promoção derradeira)?

Uma dos principais fundamentos do marketing de relacionamento afirma que é mais barato reter clientes antigos a conquistar novos. Mas a prática nos ensina também que esse custo de retenção tem um limite, e em determinado momento o mais eficaz é "limpar a base", estimulando clientes de baixo valor a "seguirem seus caminhos".

Por isso, ao contrário do que a imagem que coloquei sugere, concordo com a atitude da bandeira de cartões. Acredito que a qualificação da base é o caminho para construir relacionamentos benéficos e duradouros para as partes envolvidas, e a American Express deu um importante passo nesse sentido.

A empresa ofereceu a promoção derradeira a alguns de seus clientes.
Mas não duvido que muitos vão pensar o contrário, e nesse caso o bravo centurião que representa a marca corre o risco de fazer papel de palhaço.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Ativação "Ohhh!"

A Saatchi & Saatchi Johannesburg, na África do Sul recebeu um desafio da Eukanuba.

Convencer os donos de cães que Eukanuba é bom para o desenvolvimento do cérebro e das funções de seu cachorro.

Mais legal do que comunicar, a ação criada mostrou isso para a população sul africana. A agência treinou 5 cães de diferentes raças para carregar as diferentes embalagens de ração por pontos estratégicos de um shopping center. A reação vocês podem ver pelas fotos.

Com o perdão do trocadilho, essa ação é animal!

Aqui embaixo tem o vídeo do case/making of da ação

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Coke Interactive Factory

Como uma empresa que sempre busca manter a dianteira da inovação, a Coca-Cola está testando comercialmente vending machines interativas. São 150 no total, que podem ser encontradas no Simon Malls.

Mas qual é a interatividade, você deve estar se perguntando?
Muitas, e as possibilidades futuras são maiores ainda.

Para todos visualizarem bem, vou montar uma equação que explica a idéia:
Vending Machine + internet + iPhone = vending machine interativa da Coca-Cola.



Nela os consumidores podem interagir com o produto por meio de uma grande tela touch screen, que possibilita dentre outras coisas a visualização 360º do rótulo e detalhes sobre a composição.

A engenhoca também pode transmitir vídeos e outros formatos de publicidade. Por exemplo, eu posso clicar em um botão e visualizar a Coke Happiness Factory na própria vending machine.

Quer divulgar uma promoção especial ou criar um apelo de venda por impulso? Basta usar a criatividade. A tecnologia já está aí.

E a Coca-Cola anunciou que esse é só o começo. A empresa pretende agregar novas funcionalidades como download de conteúdo mobile em forma de músicas, ringtones e wallpapers.

Ah! Eu sei que o nome já diz, mas é bom mencionar que a máquina também vende o produto! E você pode utilizar os Giftcards da própria rede Simon Malls para efetuar sua compra (em breve, aceitação de cartões de crédito/débito).

É o futuro despontando brilhante no horizonte. E o contato com as pessoas ficando cada vez mais one-to-one.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O dia da marmota

Em 1996, no auge da Sight (hoje Momentum), fizemos uma campanha de Dia das Mães para a Walita tendo por sponsor o Fábio Jr., então em evidência como ator no papel de um motorista de táxi em novela do SBT.

A campanha tinha por apelo a promessa de que Fábio Jr. comporia e gravaria uma canção exclusiva dedicada à mãe contemplada. Essa proposta era valorizada pelo fato de o cantor-ator ter feito muito sucesso com uma música intitulada “Pai”, faltando, portanto, em seu repertório uma obra homenageando as mães, o que deu o mote para a campanha: “A Canção Que Faltava”.

Como se o tempo de repente voltasse, eis que vejo novamente o mesmo e próprio Fábio Jr., agora em promoção para o Magazine Luiza, fazendo a mesma campanha, também para as mães, com a mesma promessa da gravação exclusiva. Será um momento de déjà vu? Será o feitiço do tempo? Ou foi o dia da marmota que enlaçou o marketing promocional?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O óleo elétrico



Há muito tempo, quando eu ainda circulava pelo centro velho de São Paulo, algumas vezes parei para admirar a performance de um camelô que vendia frascos com um óleo que ele dizia ser extraído de peixes-elétricos.

O camelô carregava uma mala de viagem da qual, além do tal unguento, ele extraia cobras que se espalhavam à sua volta e se enroscavam em seu pescoço, atraindo uma multidão, que, prudentemente, se organizava num círculo postado a uma distância segura das víboras.


O tal do óleo elétrico, arengava o vendedor, tinha poderes que o igualavam a uma panaceia. Curava reumatismo, asma, bronquite, dores musculares, espinhela caída, problemas de coluna, artrite e mais um sem-número de males grandes e pequenos que afligem a humanidade.


Há momentos, como esse de crise, incertezas e ansiedade no mundo dos negócios que vejo o comportamento das agências como o do camelô do óleo elétrico. Vendem-se, com artifícios viperinos, remédios para os males do mercado, doenças do sistema, mau-olhado da concorrência e querelas afins.


O marketing promocional pode somar esforços na luta para manter os negócios à tona, mesmo fazendo como o velho marinheiro de Paulinho da Viola, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar.

O que não podemos é insinuar que as ferramentas que temos possam ser usadas no esquema “plugue-e-use”.
Marketing de incentivo para fazer sell-in combinado com promoção e vendas, para fazer o sell-out, assim, sem mais nem menos, nesse momento, é coisa de óleo de peixe-elétrico.

Lâmpada Mágica



Tentei editar o vídeo e subir no youtube mas complicou demais.
Então foi assim mesmo, assista o antológico filme de Gelol e na sequência, aos 0:31" veja que promoção sensacional da Philips.
Uma mecânica perfeita, filme totalmente didático e um brinde meia-boca. Apesar de totalmente adequado para a época.
Era para ser Seção Nostalgia, mas a complexidade da campanha é atemporal. Hoje com certeza teríamos dificuldade em produzir e implantar uma campanha deste tipo.

Gostou? Comente.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A maçã que mordemos




Algumas, raras marcas, trabalham tão bem a questão do pertencimento que conseguem transformar seus consumidores em tribo. É o caso, in extremis, da Apple. Seu poder é tamanho que as embalagens dos produtos Apple trazem adesivos com a icônica maçã mordida, presumindo, acertadamente, que o consumidor irá colocá-los em seu carro, em sua janela, como o sinal de identificação de uma seita.

Do ponto de vista do marketing, a Apple é uma aberração. Insistir num sistema fechado quando essa solução fracassou em outras experiências (vide Odissey x Atari, Beta x VHS) é apenas um dos exemplos. O alto custo de seus produtos, os problemas de (in)compatibilidade com a plataforma-padrão (Microsoft) são alguns dos outros problemas que deveriam compor uma fórmula de fracasso, mas acabaram reforçando ainda mais essa coisa de ser diferente.

Outro ponto a se notar é a opção por um design absolutamente despojado, limpo, minimalista. Nenhum botãozinho, nenhuma luzinha, nenhuma reentrância, nenhum friso. Somente o necessário e, às vezes, menos que isso, como no célebre iMac bolinha, que para ser restartado precisava ser cutucado por um simplório clipe de papel, por não ter botão para essa função.

A mesma concepção asséptica, de forma coerente, se estende ao design das embalagens e à comunicação gráfica. Tão clean que mais parecem de perfumes sofisticados, em nada lembrando o padrão tecno-jovem-moderno-hype que torna homogênea a comunicação dos produtos tecnológicos.

Ao contrário da maçã bíblica, que, mordida, expulsou a humanidade do Éden, essa nos abriu a porta para um paraíso no qual a relação consumidor-marca vai muito além da satisfação pela performance do produto.

Conjeturo: é possível planejar marcas para serem Apples na vida?

Levando os públicos de interesse às alturas


E se um dia você receber um briefing pedindo um jantar diferenciado para o público formador de opinião que gere impacto, buzz e PR? O que você faz? Corre da agência fingindo uma faringite aguda e empurra o projeto de volta para o atendimento? Fica desesperado procurando alguma maneira de juntar tudo isso em um único evento?

Então conheça o projeto "Dinner in the Sky", um evento único feito para quem deseja transformar um jantar comum em um momento cheio de experiências e que ficará marcado na memória de seus convidados.

Uma mesa suspensa a 50 metros de altura e com capacidade para 22 pessoas ficarem lá em cima por até 8 horas. Lá de cima, além do jantar com uma vista inesquecível, podem existir diversas atrações por conta do "patrocinador".

O evento já aconteceu em diversos países adotado pelas mais diversas empresas. São degustações, demonstrações de produto, ou simplesmente um motivo a mais para gerar relacionamento com o consumidor.

Um dos países indicados no site é o Brasil, mas não encontrei quem ou quando será realizado o evento aqui no Brasil

Roubei as fotos do excelente blog O que inspira?. O blog da agência Abelha Rainha, que anda fazendo projetos inspiradores lá no interiorrrr de SP.

Seção Nostalgia



Mais do mesmo outra vez.
imagem do acervo digital da Veja.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Nosso jurado em Cannes



Esse sim, é o cara

Lendo o post abaixo, do Marinho, me lembrei deste texto sobre a arte de engolir sapos, que circula pela web e foi atribuído a Sam Walton, fundador do Wal-Mart

Eu sou o homem que vai a um restaurante, senta-se à mesa e pacientemente espera, enquanto o garçom faz tudo, menos o meu pedido.
Eu sou o homem que vai a uma loja e espera calado, enquanto os vendedores terminam suas conversas particulares.
Eu sou o homem que entra num posto de gasolina e nunca toca a buzina, mas espera pacientemente que o empregado termine a leitura do seu jornal.
Eu sou o homem que explica sua desesperada e imediata necessidade de uma peça, mas não reclama quando a recebe após três semanas somente.
Eu sou o homem que, quando entra num estabelecimento comercial, parece estar pedindo um favor, ansiando por um sorriso ou esperando apenas ser notado.
Eu sou o homem que entra num banco e aguarda tranqüilamente que as recepcionistas e os caixas terminem de conversar com seus amigos, e espera pacientemente enquanto os funcionários trocam idéias entre si ou, simplesmente abaixam a cabeça e fingem não me ver.

Você deve estar pensando que sou uma pessoa quieta, paciente, do tipo que nunca cria problemas. Engana-se. Sabe quem eu sou?

"Eu sou o cliente que nunca mais volta"!

terça-feira, 7 de abril de 2009

A arte da batraquiofagia



A batraquiofagia, traço estrutural nos batraquívoros e conjuntural em outras espécies, trata da arte de engolir sapos.

Quando inata, não merece maiores comentários, pois os batraquiófagos já desenvolveram um sistema muito eficaz de digestão que os previne das reações mais incômodas como brio, humilhação e vergonha na cara. O batraquívoro deglute anuros como quem come alface e chuchu, embora haja os que, por um capricho masoquista, até vejam nesse repasto uma iguaria.


Engolir sapos, sem ser um batraquívoro nato, requer o desenvolvimento de algumas habilidades.

O problema da batraquiofagia entre os não invertebrados é de saúde. Sapos são indigestos. Pior: costumam vir acompanhados de cobras e lagartos, o que, convenhamos, forma uma fauna impossível de se degustar.
Mas ninguém poderá falar desses bichos não comerei. Viver em sociedade é, no fundo, um grande exercício de engolição de batráquios. Dá-se aqui uma inversão da cadeia alimentar: quanto mais perto da base da pirâmide, mais sapos se engolem.

O funcionário público atrás do guichê da repartição, de quem você precisa de um maldito carimbo, não lhe atende, olha você com desprezo e continua conversando com o colega ao lado. Você tem vontade de mandá-lo de volta aos braços de sua airosa mamãe, mas se cala porque depende de seu gesto de má vontade. Bingo! Você acaba de engolir um sapo-boi.


Tire o funcionário público do exemplo acima e coloque um médico no pronto-socorro do SUS; um escrivão na delegacia onde você foi registrar queixa de um sequestro-relâmpago (que para você durou uma eternidade); o chefe do emprego do qual você depende; o cliente bronco; o aluno arrogante da escola de classe média alta; as autoridades em geral; o motorista de caminhão de metro e oitenta de altura e largura que bateu no seu carro; a estagiária sobrinha do presidente da empresa; o diretor de criação; o diretor de atendimento. Todos eles e muito mais são contumazes fornecedores de anuros de tudo quanto é jeito e tamanho, os quais raras vezes conseguimos vomitar.


Geralmente, a engolição cotidiana de sapos transforma as pessoas normais em batraquívoros e aí o problema de digestão deixa de existir. Para os que não se habituam com tal dieta, restam alguns comportamentos sais de frutas.


Sublimar a humilhação urdindo planos de vingança que jamais serão executados é um deles. Outro é ascender ao topo da pirâmide bafejado pela fortuna: ganhando na megassena acumulada, por exemplo. Ter algum tipo de fé também ajuda, principalmente em religiões que veem o sofrimento como uma forma de aprimoramento espiritual.

Engolir sapos faz mal ao fígado. É essencial que não se percam a humanidade, a ternura e o paladar, pois, entre um sapo e outro, haveremos de aproveitar os biscoitos finos que a vida também oferece.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Promoção Eleitoral

Mais um exemplo nefasto do uso da promoção.



Preste muita atenção ao regulamento e veja o tamanho do absurdo.

Cansados de guerra


Casa-carro-dinheiro, a trindade nada santa da promoção de vendas segue homogeneizando as campanhas, não importa a marca nem a categoria.
Os torpedos e as inscrições via web rapidamente vão substituindo as cartas como meio de participação.

Soube de uma campanha exatamente com esse perfil que teve uma expressiva participação, mas, feitas as contas, o sucesso não se refletiu em mais vendas. Suspeita-se de que os participantes da promoção eram os já habituais consumidores da marca. Contrariou-se assim o primeiro mandamento das promoções de venda: “Não farás promoção para teu público fiel”.

Já desenvolvi muitas campanhas com esse perfil e, desconfio, vou fazer outras tantas. Porém, em momento de reflexão e autocrítica, me pergunto: não estará esgotado (ou esgotando-se) o modelo de fazer dos produtos em promoção bilhetes de sweepstake?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Promo Jobs

A MIX Brand Experience está ampliando sua equipe de planejadores.
Você tem o que é necessário para ficar com a vaga?

Palavras de Aldo Pini, diretor de planejamento da agência:

"Minha equipe está crescendo, e para continuar neste gás total procuro...

Planners com experiência.
Perfil moderno, curioso e antenado.

Especialistas em eventos, promo e ativação.
E que tenha conhecimento em guerrilha, mobile, internet e interesse em brand content.

Os interessados devem enviar um e-mail para apini@mixbe.com.br"

Seja mãe por um momento

Muitas vezes recebemos briefings nas agências com objetivo de gerar buzz, impacto com um mínimo de investimento da marca. A agência Taivas Helsinki da Finlândia recebeu esse mesmo briefing da Unicef: Aumentar o awareness sobre os direitos das crianças e aumentar a arrecadação de doações, com um mínimo de investimento.

Queriam também passar a mensagem de que, hoje em dia, existem mais de 145 milhões de crianças órfãs e abandonadas pelo mundo. Ajudando a Unicef, qualquer pessoa pode ser uma mãe para eles, mesmo que por um momento.

Solução: Impacto + Buzz.

(clique na imagem para ampliar)

Espalharam por 14 cidades do país carrinhos de bebês equipadas com som que simulavam o choro de um bebê. Ao se aproximarem, dentro do carrinho tinha uma mensagem: "Obrigado por se importar. Esperamos que existam mais pessoas como você. UNICEF Seja mãe por um momento".

A reação do público foi imediata. Rádio, TV e internet cobriram a ação. O case conta que em estimativas, as notícias atingiram 80% dos finlandeses. Simples e eficiente!

Vi a ação aqui.

A linguagem de cada um

Você é uma criança autista em Bangkok.
Em seu primeiro dia na escola você se assusta e sobe no parapeito da sacada do 3º andar.
Seus professores tentam resgatá-lo, mas sem sucesso.
Sua mãe aciona o corpo de bombeiros, e durante a ligação menciona que você é fã de super-heróis.
Pouco tempo depois, o Homem Aranha aparece e rouba a cena.
"O Homem Aranha está aqui para salvá-lo! Nenhum monstro poderá atacá-lo agora. Venha andando devagar em minha direção e tudo ficará bem".
Pronto. Agora você não corre mais perigo.



Essa é uma história real. E ela deveria ser uma lição importante para um planejador.
Se as pessoas que você pretende envolver só dão ouvidos ao Homem Aranha,
encarregue o próprio de passar sua mensagem.
Você está falando a mesma língua de seu público?
Caso não esteja, esforce-se para conhecê-la bem.
Mas não sejamos rasos.
A tarefa não é tão simples como "jovens falam 'irado'; caipiras falam 'uai'".
Pessoas são complexas.
Sua busca pelo conhecimento também deve ser.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Quanto vale o Show?



O
mercado publicitário parece um jogo de sinuca, estamos sempre correndo atrás da bola da vez. Realidade aumentada, navegação por webcam, jogos online. É tudo muito legal, mas até onde o resultado fica só no "Vc viu aquilo que foda?".

Acho importante esse "breakthroughs" interativos e criativos, mas acho mais importante saber onde eles levam o consumidor. Os 15 kbs de fama das campanhas online são interessantes, geram buzz, colocam a marca naquele cantinho do cérebro do consumidor chamado "COOL", mas pecam pela vaidade. Vaidade de achar que só porque a interação foi bacana, o cara já comprou a marca. O "pulo do gato" aí é utilizar essas ferramentas como realmente ferramentas. Um meio para um fim e não somente um fim. Fazer com que elas sejam legais sim, mas com um objetivo claro e definido, sabendo mensurar o que vem depois do "UAU", sabendo entender o caminho que o consumidor faz depois que aquilo perdeu a graça e entrou p/ a lista do "nossa aquilo era bem legal mesmo, ñ era? Mas.... que produto era aquele mesmo?".

Acredito que o que falta nessas campanhas é o que sobra nos filmes da Pixar: emoção. Não estou comparando um flash com o trabalho espetacular dos caras, isso seria praticamente uma heresia, estou falando que existe espaço para imprimir a marca no subconsciente do bicho sentado a frente da tela, com a tinta da emoção. Experiência e recompensa (Pavlov já sacou isso no início do século XX). O negócio é dar emoção para o cara, envolvê-lo de forma a experimentar o produto que sempre tem uma lâmina de plástico entre ele e o alvo, experimentar o sensorial humano, trabalhar com sabores, cheiros, além dos sentidos já naturalmente abordados. Estamos tão viciados em procurar a "nova melhor coisa que já passou" que não pensamos que somos muitas vezes regidos pelas emoções e são elas no final das contas que levam as proverbiais mãos às proverbiais carteiras.

Seção Nostalgia



Essa é de 1983.
Crie uma frase
Mande 5 embalagens
Ganhe o objeto de desejo do momento.
Uma espécie de concurso cultural atrelado à compra, pois, exigia as embalagens mas o critério de escolha era "cultural".
Exceto por esse detalhe, 26 anos depois, ainda fazemos promoções exatamente como esta.