quinta-feira, 9 de abril de 2009
A maçã que mordemos
Algumas, raras marcas, trabalham tão bem a questão do pertencimento que conseguem transformar seus consumidores em tribo. É o caso, in extremis, da Apple. Seu poder é tamanho que as embalagens dos produtos Apple trazem adesivos com a icônica maçã mordida, presumindo, acertadamente, que o consumidor irá colocá-los em seu carro, em sua janela, como o sinal de identificação de uma seita.
Do ponto de vista do marketing, a Apple é uma aberração. Insistir num sistema fechado quando essa solução fracassou em outras experiências (vide Odissey x Atari, Beta x VHS) é apenas um dos exemplos. O alto custo de seus produtos, os problemas de (in)compatibilidade com a plataforma-padrão (Microsoft) são alguns dos outros problemas que deveriam compor uma fórmula de fracasso, mas acabaram reforçando ainda mais essa coisa de ser diferente.
Outro ponto a se notar é a opção por um design absolutamente despojado, limpo, minimalista. Nenhum botãozinho, nenhuma luzinha, nenhuma reentrância, nenhum friso. Somente o necessário e, às vezes, menos que isso, como no célebre iMac bolinha, que para ser restartado precisava ser cutucado por um simplório clipe de papel, por não ter botão para essa função.
A mesma concepção asséptica, de forma coerente, se estende ao design das embalagens e à comunicação gráfica. Tão clean que mais parecem de perfumes sofisticados, em nada lembrando o padrão tecno-jovem-moderno-hype que torna homogênea a comunicação dos produtos tecnológicos.
Ao contrário da maçã bíblica, que, mordida, expulsou a humanidade do Éden, essa nos abriu a porta para um paraíso no qual a relação consumidor-marca vai muito além da satisfação pela performance do produto.
Conjeturo: é possível planejar marcas para serem Apples na vida?
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