quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Mais uuuuuum!


Descobri que sites totalmente dedicados a promoções são como os gremlins, se tomarem chuva: você descobre o primeiro e aí rola uma progressão geométrica!

Mais um surge no horizonte: Promoções na Internet.

Nome mais direto, impossível. Não tem como errar. E, ainda por cima, lá tem uma coluna com as ações que estão no ar neste momento, divididas por categorias. Ui, gostei disso.

Fica aqui então a dica do dono do site e nosso leitor Promo Planner. O nome dele? Como vemos nos comments, é "promoções na internet". Ora, o cara é da área: e tem o único nome de dono de site que já vem com tema e ação de merchandising embutidos.
: )
UPDATE: segundo a etimologia commentariana, quando se refere a uma pessoa física, o nome "promoções na internet" significa "Sergio Quintela". Este é o nome de nosso promo-leitor.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Hay que endurecer, pero sin perder lo buên-humor!

Tem gente achando que não gosto das pessoas do Atendimento. Acho que devo aproveitar o espaço aqui para esclarecer este ponto. Em princípio, não tenho nada contra quem é atendimento. Como em princípio não tenho nada contra ninguém. Que não esteja bêbado. Que não seja folgado. Que não seja a Dercy Golçalves, o Pinóquio ou qualquer (eu disse QUALQUER) palhaço.

Porém, o fato de a pessoa se apresentar como atendimento, trabalhar no Atendimento e ter um cartão-de-visita em que se lê “atendimento” não faz dela um atendimento. Assim como eu saber escrever não me faz redatora, ter cordas vocais não faz do Michael Bolton um cantor e ter uma história pra contar que faça sucesso não faz da Bruna Surfistinha uma escritora.

Acontece que, na nossa área, tem muito cara da Criação que diz que é músico, tem muita puta que diz que é publicitária, muito publicitário que diz que é puta e muito pouco atendimento. Desses, de alguns eu gosto, de outros, não.

Já pessoas que trabalham no Atendimento sem ser atendimento têm um batalhão. Dessas meninas-que-vão-no-cliente eu não gosto. Simples assim.

Mais simples, só com uma comparação: se minha vida profissional fosse uma novela mexicana, eu selecionaria a atriz que faria meu papel em um filme do Almodóvar; alguém para fazer o papel de Atendimento no corpo de bailarinos da Madonna e, para ser a menina-que-vai-nos-clientes, eu chamaria a Gloria Trevi.

Claro, para fazer o cliente, eu chamaria aquela mulher que combinava o tapa-olho com a roupa na novela Ambição.

Momento merchandising: escrevi no meu blog pessoal sobre meus sentimentos a respeito dos palhaços, com participação especial da Dercy e do Pinóquio. Quer ler? Dá uma passadinha lá : )

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Um post de baixo calão

AVISO: pessoas educadas finamente não devem ler este post. Ele contém uma expressão grosseira que pode chocar os mais recatados, conservadores, sensíveis e/ou delicados.


Fabio Brandão, do Banco de Eventos, foi meu Diretor de Criação e Planejamento por 3 anos. Entre as coisas que aprendi com ele, anotei mentalmente duas frases simplesmente geniais. Uma é “sorrir não faz parte do meu job description”.

A segunda, eu gostaria de revelar com algum contexto: certo dia, uma das meninas do Atendimento chegou chorosa na sala do Fábio. Estava inconformada e chateada porque o cliente não deixou que, na apresentação, ela passasse do slide 4, mais ou menos, do projeto que fizemos.

Em resumo, o briefing que ela passou dizia que o objetivo do cliente era vender para os jovens de 13 a 20 anos. Sendo um produto, pelo que sabíamos e pesquisamos, direcionado para o público tween, tratava-se de um reposicionamento. Malabarismos foram feitos para conseguir um bom resultado dentro da verba.

Mas, segundo ela contava ali, o cliente teve um surto psicótico já no slide 4, porque, veja você, não foi nada disso que ele tinha pedido. Não? Não! O produto dele é, e deveria continuar sendo, para tweens. Mas a menina chorosa do Atendimento nunca tinha ouvido essa palavra antes. E, portanto, deduziu que ele havia falado, ao passar o briefing, "teens". E teen, pra ela, sempre foi de 13 a 20 anos.

E ela lamentou e fungou e choramingou, até que o Fabio perdeu a paciência, se levantou, até com uma certa violência, e gritou para ela: "você foi vestida de bunda em uma festa de piroca e eu tenho que ficar aqui agüentando você reclamar que tomou no cu?"

Desculpe. Mas essa frase é simplesmente maravilhosa. Pode ser grosseira, deselegante e muitas outras coisas. Não vou discordar. Mas ela é, acima de tudo, maravilhosa. E, ultimamente, tenho lembrado dela com muita frequência.

Acontece que vejo pessoas com idades começadas com 3 ou 4 que, por já trabalharem há anos na área, não vêem necessidade de um update constante. Às vezes, de update nenhum. E pessoas com idade começada com 2 que não têm o hábito de ir atrás de update porque, ora, a informação vem até nós.

Pra mim, hoje, existem dois caminhos para quem é da nossa área. Simples assim:

- Opção 1: ser inteligente.
Se antigamente a gente tinha praticamente um só foco de informação, hoje são vinte janelas abertas de cada vez o tempo todo.
Se sua idade começa com 2, muito bem, por uma questão de adaptação natural a esta linguagem, você tem um dom nato para pescar informações em uma velocidade impressionante. Agora, precisa aprender a filtrar. Só é preciso entender que isso é fundamental.
Se sua idade começa com 3 ou 4, muito bem, você tem a maturidade necessária para saber filtrar o que vale a pena, em meio a tanta informação disponível. E, sim, pode desenvolver uma habilidade admirável de pesca de informação. Só é preciso admitir que isso é necessário.
Em uma linha: tenha você a idade que tiver, faça seu update constantemente. Leia, pesquise, pergunte, experimente, duvide, observe, adapte, questione, melhore, enxugue. Por experiência própria, digo que é muito menos difícil e muito mais divertido do que parece.

- Opção 2: ficar preparado para o pior.
Porque, no próximo job, você pode, sem nem perceber, entrar vestido de bunda em uma festa de piroca.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Mais um!


É uma epidemia? Uma manifestação de motoboys? Uma piscina de clube no verão?
Não!
É uma profusão de sites dedicados somente a Promoção lotando o Promo Planners.
Dica da [dea] nos comments ali embaixo, mais um para nossa coleção de endereços: NaSorte.
Valeu, [dea]!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Quando MacLuhan chorou

No início a mídia de massa era fundamentalmente um suporte para a transmissão de informações e de idéias e sua forma consagradora foi e continua sendo o jornal. A chamada imprensa divulgava essencialmente fatos e sua interpretação, mesmo havendo uma participação marginal de outros conteúdos, como os folhetins (no passado) e os passatempos.

Esse quadro mudou com a chegada do rádio e, posteriormente, da televisão, mídias nas quais o fato jornalístico passou para segundo e, às vezes, último plano.

Perdendo (ou tendo diminuído) seu caráter noticioso, as mídias eletrônicas dedicaram-se fortemente ao entretenimento, ganhando uma audiência tão expressiva que a indústria da propaganda acabou por elegê-las a plataforma ideal para a comunicação do marketing.


A concentração das verbas nos meios eletrônicos, porém, levou essa mídia a uma situação paradoxal na qual o rabo pôs-se a correr atrás do cachorro. A TV, em particular, passou a desenvolver suas atrações como produto para captação de propaganda. Assim, fomos da propaganda no intervalo da programação para a programação no intervalo dos comerciais. Essa situação provocou inclusive um comentário bem-humorado do ator Selton Mello, que justificou sua ausência da programação de TV, em contrapartida a uma alta freqüência de sua imagem em comerciais, dizendo que dessa forma ele ia direto ao ponto atingindo as grandes massas.


Diferentemente do panorama internacional, temos uma TV aberta cuja qualidade da programação atende às necessidades de entretenimento de parcela esmagadora da população. Esse fator, junto à modéstia do poder aquisitivo, explica a baixíssima penetração da TV por assinatura, justificando ao mesmo tempo a resistência da TV no Brasil, enquanto lá fora essa mídia perde em audiência e em capacidade de convencimento.


Hugh Hewitt, em seu livro Blog - Entenda a revolução que vai mudar seu mundo, fala na decadência do que ele chama de “mídia hegemônica”, que se não chegou ainda para nós na forma como se apresenta a esse jornalista, não deixa de servir de alerta ou, no mínimo, de ponto a se considerar como novas oportunidades de comunicação below the line para o marketing promocional.


Todas as fichas estão sendo depositadas na incrível máquina de produzir mídias que é a Internet, embora essa fertilidade midiática leve também a uma dispersão com a qual ainda não sabemos lidar. É da natureza da comunicação, tal como a conhecemos, falar para concentração de públicos. Note como grande parte da energia despendida nas ações de comunicação está exatamente em aglutinar o público.


O mundo da web, tudo indica, é a nossa terra prometida, mas também é um território em aberto ao qual se lançam deslumbrados, visionários, desesperados e futuristas da propaganda, do marketing direto, do marketing promocional e até mesmo arrivistas exibindo carteirinha de web marketing (não confundir com o corretíssimo web design!).


O importante é que as placas tectônicas da comunicação estão se mexendo e já nos encontramos no epicentro de um bem-vindo terremoto que irá redefinir a paisagem das mídias institucionalizadas e das não-formais que brotam a todo instante. E é bom que seja assim; a matriz da comunicação tal como a conhecemos remonta aos sumérios há distantes 3.000 a.C.; daí para frente o que houve foram aperfeiçoamentos lentos e arrastados, com grande defasagem em relação ao desenvolvimento tecnológico produzido pelo homem no mesmo período. A invenção do tipo móvel por Gutenberg e a eletricidade – possibilitando a criação do telégrafo e da eletrônica - foram bolhas de progresso que, apesar de exceções num processo que tem se comportado de forma linear, mostrou o poder que a comunicação tem em transformar a própria civilização.


Vamos ligar nossos sismógrafos e ficar de olho no trêmulo balé de suas agulhas. Algo me diz que a aurora do século XXI entrará para a história como o momento no qual MacLuhan mordeu sua língua, e o meio, de tão plural, deixou de ser a mensagem.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Curto, médio ou longo?

Isso não é um post sobre café.
Estive pensando nas diferenças entre o planejamento de propaganda e o de promoção.

Penso que a primordial, é que o planejamento de propaganda é de longo prazo, para fortalecer a marca, torná-la desejada e duradoura.
O de promoção de curto e médio prazo, geralmente alinhado com o planejamento de propaganda, e tem objetivos e prazos determinados.

Mas aí me lembro de cases como Garrafinhas da Coca-Cola, Mochilas Gatorade, Bichinhos da Parmalat e mais recentemente iPod no palito.

Se a promoção tem prazo de validade curto, por que algumas se tornam inesquecíveis?
Isso é sorte ou planejamento?
Dá para planejar esse sucesso?

"Trabalhe bastante meu filho, e um dia você terá liberdade para aproveitar a vida"

O título desse post ilustra um pensamento fortemente arraigado em nossa sociedade.

Trabalhe duro (por muito tempo), alcance o sucesso e ganhe a liberdade (para se aposentar e aproveitar sua vida). Mas um estudo recente está tentando provar que a liberdade vem antes do sucesso, e não o contrário. Com o nome de ROWE (Results-Only Work Environment), esse estudo liderado por dois grandes nomes do RH mundial tenta mostrar que trabalhamos sob o mito de que tempo gasto + presença física + "fingir preocupação" = resultado. E isso não é verdade.

Eis o princípio básico do ROWE: pessoas podem fazer o que quiserem, quando quiserem, contanto que o trabalho seja feito. É você quem faz seu horário, com a responsabilidade que sua mãe lhe ensinou. Existe inclusive uma lista com os 13 mandamentos do ROWE. Veja alguns exemplos:

- Trabalho não é um lugar aonde você vai, mas algo que você faz.
- Empregados têm o direito de trabalhar da forma que eles quiserem.
- Toda reunião é opcional.
- Ninguém fala sobre o tempo (quantidade) que eles trabalharam.
- Sem julgamento sobre como você gasta seu tempo.

Pode parecer radical, mas acredito que aí encontramos algumas idéias interessantes. E com isso quebramos a antiga visão de sacrifício para alcançar a liberdade e nos deparamos com um novo paradigma. Encontre um emprego que ampare a sua liberdade e tenha sucesso.

Os primeiros resultados do experimento são espetaculares. Foi detectado um aumento de 35% na produtividade dos departamentos que trabalharam sob os preceitos do ROWE, e uma diminuição de 52-90% no turnover, dependendo do departamento. É interessante notar que as demissões involuntárias ("Você está despedido!") aumentaram, uma vez que os incompetentes não podem mais se esconder, uma vez que a única medida de eficácia do trabalho são os resultados.

Eu particularmente acredito muito nessa linha de pensamento, mas obviamente não pode ser implementada em qualquer empresa ou agência sem a coordenação de um especialista. Em nossa área, a publicidade, esse método se mostra particularmente interessante, uma vez que trabalhamos diretamente com a criatividade - logo, liberdade é nossa matéria-prima.

Se você ficou interessado e quer saber mais sobre o ROWE, clique aqui.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Outro site dedicado só a Promoções


E não é que tem outro?
Esse chama DiMontão. Também dedicado a Promoções, também com nome tenebroso.
É preciso se cadastrar para acessar os conteúdos.

Valeu, Bombom (SD)!

Um site dedicado a Promoções


Nosso Promo Planner Bruno Scartozzoni descobriu um site inteiramente dedicado a ações promocionais, o Kero Promo.
Vale a pena visitar. E acrescentar aos favoritos.
Pra ser melhor só falta o nome da agência que criou/implementou cada ação. Mas é um site feito por consumidores. O que, sinceramente, deixa tudo ainda mais interessante.
: )

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Comunicado ao Depto. de Pêlo em Ovo

São Paulo, 14 de janeiro de 2008

Ao Departamento de Pêlo em Ovo
Att.: Sub-Secretaria Destacada para Assuntos Promocionais

Prezados Procuradores de Pêlo em Ovo,

Faz anos que venho acompanhando, com um certo prazer mórbido, as opiniões chatas, destituídas de senso crítico e equilíbrio de julgamento que os Senhores veiculam nos espaços abertos a leitores nas grandes publicações. Basta um assunto considerado pelos Senhores como sendo supérfluo aparecer na capa que, na edição seguinte, chovem cartas e e-mails esclarecendo como aquele espaço foi mal utilizado com uma coisa tão vazia, sendo que tantas criancinhas famintas estão nas nossas ruas.

Porém, hoje, lendo a atuação deste Departamento na ação de lançamento do Fresh Cooling, da Neutrogena, finalmente meu copinho transbordou. E resolvi entrar com um processo de esclarecimento anti-ignorância na 5ª Vara Cível de Buzz Marketing de São Paulo.

Fica registrado que a ação foi lindamente desenvolvida pela Espalhe, como manda a Cartilha Básica do Evento de PR: escultura feita de 8 mil litros de água transformada em gelo criada por um artista, que inseriu ali uma cena de verão e diversas embalagens do produto. O público pode interagir como quiser e, em destaque, ali está o endereço do site da campanha.

Mini-esculturas nos acessos das 3 praças, continuidade através do site, ativação do conceito, ação promocional, link para pulverizar a ação para os amigos, real time do derretimento do gelo, muita mídia espontânea na faixa, muito buzz e a ação viral sendo parte de um projeto bem elaborado. Com objetivo, estratégia e planejamento.

Em resposta a algumas de suas comunicações de desagrado à ação, como por exemplo “o site da ONU diz que a escassez da água será o problema do século 21. Em momentos de aquecimento global, meio ambiente (sic), reciclagem, desenvolvimento sustentável, etc (sic), as empresas deveriam ser mais responsáveis na hora de divulgar seus produtos” (lida aqui) ou mesmo “Não havia qualquer material de promoção da marca como release, panfletos, brindes, cartazes, nada! A orientação era ou entre no site ou aguarde para que alguém te explique” (aqui), fica registrado em cartório duas coisas:

1 – Pare para pensar em quanto temos de informação à nossa disposição hoje em dia. É só clicar no Google e vem tudo. Mas tudo mesmo, inclusive lixo, portanto a única forma de ser produtivo nessa vida é sabendo filtrar. Quem não sabe filtrar ou é burro ou é chato. Um bloco de gelo na rua não significa que a J&J não se preocupa com o planeta. Não significa que as criancinhas nos faróis vão passar sede. Não quer dizer, em absoluto, que a agência e a empresa são idiotas. Quer dizer que vocês estão procurando pêlo em ovo. E só.

2 – Ações de guerrilha bem feitas não são frutos de uma mente desocupada que resolveu fazer algo para aparecer. São resultado de um plano integrado que busca ativação, conceito e impacto máximo. Tem estudo, análise, diagnóstico, objetivo, estratégia e prognóstico de resultado. Tem, em suma, Planejamento.




Por isso, prezados integrantes deste inútil e apenas aborrecedor Departamento, se um cliente me parecer preocupado com reações como as citadas acima, continuarei a perguntar a mesma coisa: você quer que todo mundo goste ou você quer que seu público-alvo goste?

Se a resposta for “quero que meu público-alvo goste”, terei prazer em continuar o job. Mas gostaria de pedir que todos os Procuradores de Pêlo em Ovo do mundo se informem e aprendam a filtrar o que lêem no Google. Para parar de gastar meu tempo e o dos Senhores.

Se for “quero que todo mundo goste”, passo a conta para os Senhores. Prometo. Isso é filtrar.

Atenciosamente,

Roberta Carusi
Promo Planner e fã de Buzz Marketing e de quem sabe filtrar o que lê no Google

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Filosofia de Merda

Esse é um texto que escrevi há algum tempo, mas nunca publiquei aqui. Por acreditar nessa idéia, achei interessante publicá-lo agora, como meu primeiro post de 2008.
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Se um dia você estiver sentindo dificuldade para ter idéias, culpe os donos de cachorros que não limpam os dejetos dos mesmos quando saem para passear.

Explico.

Fiz essa constatação ao desviar (por pouco!) de cocô de cachorro numa calçada próxima à minha agência, na semana passada. Foi quando comecei a andar olhando para o chão, perdendo muito do que se passava ao meu redor naquele momento – ou quase tudo.

Afirmo isso porque ao chegar a meu destino não saberia dizer o nome de três estabelecimentos pelos quais passei no caminho. E se alguma trivialidade do dia-a-dia iria me trazer inspiração maior que qualquer “desk research profundo”, simplesmente não aconteceu.

Esse episódio é cada vez mais corriqueiro nas grandes metrópoles. As pessoas estão se acostumando a olhar para o chão enquanto caminham pela rua. Cabisbaixas, com medo de surpresas fétidas e inesperadas. Isso ocorre porque já é de conhecimento público a grande possibilidade de pisar em fezes caninas num passeio pelo bairro. E ninguém quer que isso aconteça. Muito menos nós, publicitários, em nossos tênis descolados.

Mas agirmos assim estamos deixando de olhar para as coisas ao nosso redor. Estamos demasiado preocupados com o cocô, aquele pontinho marrom e pastoso no chão, enquanto o mundo vai passando diante dos nossos olhos.

Por que então não preferimos fazer um life research ao invés do já conhecido desk research?

Tem muita coisa acontecendo à nossa volta, e eu não me refiro a ações de guerrilha ou vídeos virais criados por agências. Eu me refiro à vida comum. Pessoas, coisas, discussões, acidentes, relacionamentos, curiosidades, fenômenos naturais, enfim, vida.

Portanto olhe para os lados, olhe para cima, olhe para baixo, olhe ao redor. Abra os olhos!

Se continuarmos olhando para o chão com medo de pisarmos em cocô, o próximo passo será recomendarmos aos nossos clientes uma “ação inovadora” de guerrilha urbana: publicidade de merda (entendam o que quero dizer nesse site, que tem um propósito bacana: Made you think).

Assim como a URL propõe, o site realmente nos faz pensar nisso tudo. Mas, principalmente, mostra que boas idéias podem surgir a qualquer momento, até mesmo num simples passeio pelas ruas de sua cidade.

Por isso, se eu pudesse dar apenas um conselho, seria: esqueça o filtro solar e use galochas!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

De fazer casamentos vive a nossa profissão

Uma das últimas coisas que fiz antes de sair para a estiagem dos dias envolvem as festas de fim de ano foi passar a limpo uma porção de leituras acumuladas ao longo do ano na pasta “para ler mais tarde”.

Entre as pendências estava um artigo de capa da revista About registrando um fórum entre planejadores, todos de agência de propaganda. A grande questão que perpassou toda a discussão foi uma certa angústia existencial com relação à certeza de uma identidade profissional e o reconhecer-se dentro de um espaço específico na planta da indústria da comunicação do marketing.


Esse questionamento não é privilégio dos planejadores de propaganda. Vejo o mesmo ocorrendo no marketing promocional com os profissionais da área construindo seu fazer caetanamente fora da ordem mundial. E isso vem significando o surgimento de novas pontes para o canal criação ligar marcas a pessoas.


Apesar de ter improvisado como planejador ao longo da carreira, sou mesmo um profissional com a (de)formação de “criação”, o que, porém, não impediu que o artigo da About se enrabichasse em meus pensamentos nesses dias de dolce far niente.


Foi a partir desse insight que, assistindo ao show Tambores de Minas, do Milton Nascimento, deparei-me com a música “Canções e Momentos”, dele e de Fernando Brant, que talvez responda ao “quem somos, para que viemos” dos questionamentos dos planejadores. Diz a canção:


Eu só sei que há momentos

Que se casa com canção
De fazer tal casamento
Vive a minha profissão

Pode não ser essa a resposta definitiva, e até é bom que não seja mesmo, principalmente definitiva, mas é uma maneira bem poética de começarmos um novo ano que desejamos realmente novo.

http://www2.uol.com.br/miltonnascimento/#