Pensei bastante sobre toda essa repercussão gerada na blogosfera depois do evento Papo de Boteco, e apesar de já ter lançado minha opinião ainda tenho uma última coisa a falar. Para me fazer entender, vou corroborar a analogia feita por Walter Susini naquela fatídica noite. A diferença entre planners atl e planners btl é a mesma daquela entre jogadores de futebol e jogadores de rugby.
Nós, jogadores de rugby, não queremos ser jogadores de futebol.
Eventualmente podemos vir a ser, por acaso do destino ou qualquer outro motivo de força maior. Mas por enquanto não somos. Estamos felizes com a truculência de nosso jogo.
As dimensões do nosso campo se assemelham às do futebol, o que nos dá um grande território para desbravar. Um território muitas vezes só nosso.
Mas infelizmente, ao contrário do que acontece em competições oficiais (onde cada time é composto por 15 jogadores), jogamos sempre a versão "7-a-side". Quando muito. Eles, por sua vez, estão sempre em 11 (sem contar os reservas).
Enquanto a bola dos jogadores de futebol é redonda, amiga das leis da física, a nossa é oval, com uma dinâmica toda própria (e confusa).
Como se isso não bastasse, ainda enfrentamos o desafio de avançar jogando a bola apenas para trás, e apesar disso parecer insanidade para os jogadores de futebol, para nós faz parte do dia-a-dia.
Por isso mesmo nosso treinamento é intensivo, por vezes brutal. Somos surrados, escurraçados, atacados, levados até o limite de qualquer ser humano comum. Afinal, precisamos estar sempre em forma.
Porque quando estamos em ação, com a bola na mão, qualquer adversário pode nos derrubar como um búfalo desenfreado que desfere sua cabeçada mortal bem no meio de nossas costelas. E isso não representa falta.
Devido a todos esses fatores deveríamos ser mais reconhecidos e valorizados, não é mesmo? Ledo engano. Na maioria das vezes não colhemos os louros de toda essa devoção e sacrifício. Gostosas, dinheiro, carrões turbinados e fama: tudo para os jogadores de futebol.
Mesmo assim, com todas essas diferenças e dificuldades, não almejamos ser jogadores de futebol. Somos jogadores de rugby com muito orgulho.
A única coisa que pedimos - com toda humildade do mundo - é que não afirmem que somos iguais a vocês, jogadores de futebol. Não saiam por aí dizendo que jogamos o mesmo jogo, com a mesma bola, as mesmas regras, no mesmo campo.
Apesar de nos alimentarmos da mesma paixão, o esporte, temos nossas características próprias. E ficaríamos muito felizes se elas fossem reconhecidas. Simples assim.
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quinta-feira, 10 de julho de 2008
Nós, os jogadores de Rugby
por
Gustavo Gontijo
às
10:44
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sexta-feira, 2 de maio de 2008
Acertando no que não viu
As ações de maketing promocional se diferenciam das “above the line”, entre outros motivos, pela resposta imediata, “real time”, que provoca. Essa característica, muitas vezes, acaba por ter conseqüências que extrapolam o âmbito para o qual a ação foi planejada, revelando aspectos desconhecidos até pela própria empresa promotora.
Esse foi o caso de uma ação de promoção de vendas para uma marca de pilhas que estava patrocinando um campeonato de futebol. Com o auxílio da produção, conseguimos encontrar um brinde original (na época) que tinha tudo a ver com futebol e pilhas: um boné-rádio.
Era um boné de design convencional mas que tinha um microrrádio acoplado à copa com um minialto-falante na aba, muito apropriado considerando-se o hábito dos torcedores de assistirem ao jogo ouvindo a narração no célebre “radinho de pilha”.
Devido ao baixo custo do prêmio made in China, utilizamos a mecânica de vale-brinde, distribuindo 4.000 bonés, quantidade suficiente para fazermos um bom merchandising das pilhas nos estádios e fora deles.
Produzimos os cupons de forma a ficarem invisíveis na cartela que embalava as pilhas. Um responsável pela nossa produção foi à linha de montagem colocar pessoalmente os vales-brindes de forma a assegurar uma correta e equilibrada distribuição dos bonés-rádios no mercado.
Após as embalagens contempladas serem colocadas na rua, veio a ansiedade pela espera das primeiras ligações reclamando o brinde. Passou a primeira semana e o 0800, nada. Passou a segunda e nem um “trim”. O telefone da promoção ficou mudo por meses.
Onde foi que erramos? Àquela altura, as embalagens já deveriam estar no mercado e, mesmo pelos cálculos mais pessimistas, as unidades premiadas também deveriam estar em mãos dos consumidores. Por que ninguém ligava para solicitar seu boné-rádio?
O único telefone que tocava era o do diretor da conta tendo na outra ponta o cliente irado com a nossa irresponsabilidade em propor uma ação de apelo zero como aquela.
Passados quase quatro angustiantes e desmoralizantes meses, chegou por carta (sim, havia uma caixa postal também) a primeira solicitação de resgate: vinha da Bolívia.
Foi como se tivessem aberto a porteira. Com poucos telefonemas e muitas cartas, começaram a chegar os cupons contemplados: Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile...Tudo bem não fosse o encarecimento do custo de envio dos bonés-rádios e o fato de que a fábrica brasileira da tal pilha estava impedida pela matriz, nos EUA, de vender fora do território brasileiro, daí essa possibilidade não ter sido contemplada no plano de operações.
Foi assim que a fábrica descobriu que ela só vendia no Brasil mas os atacadistas, seus distribuidores, não. Por tabela, constatou-se que a participação da marca promotora no mercado nacional era bem inferior ao que faziam supor os números de produção e sell in.
Esse foi o caso de uma ação de promoção de vendas para uma marca de pilhas que estava patrocinando um campeonato de futebol. Com o auxílio da produção, conseguimos encontrar um brinde original (na época) que tinha tudo a ver com futebol e pilhas: um boné-rádio.
Era um boné de design convencional mas que tinha um microrrádio acoplado à copa com um minialto-falante na aba, muito apropriado considerando-se o hábito dos torcedores de assistirem ao jogo ouvindo a narração no célebre “radinho de pilha”.
Devido ao baixo custo do prêmio made in China, utilizamos a mecânica de vale-brinde, distribuindo 4.000 bonés, quantidade suficiente para fazermos um bom merchandising das pilhas nos estádios e fora deles.
Produzimos os cupons de forma a ficarem invisíveis na cartela que embalava as pilhas. Um responsável pela nossa produção foi à linha de montagem colocar pessoalmente os vales-brindes de forma a assegurar uma correta e equilibrada distribuição dos bonés-rádios no mercado.
Após as embalagens contempladas serem colocadas na rua, veio a ansiedade pela espera das primeiras ligações reclamando o brinde. Passou a primeira semana e o 0800, nada. Passou a segunda e nem um “trim”. O telefone da promoção ficou mudo por meses.
Onde foi que erramos? Àquela altura, as embalagens já deveriam estar no mercado e, mesmo pelos cálculos mais pessimistas, as unidades premiadas também deveriam estar em mãos dos consumidores. Por que ninguém ligava para solicitar seu boné-rádio?
O único telefone que tocava era o do diretor da conta tendo na outra ponta o cliente irado com a nossa irresponsabilidade em propor uma ação de apelo zero como aquela.
Passados quase quatro angustiantes e desmoralizantes meses, chegou por carta (sim, havia uma caixa postal também) a primeira solicitação de resgate: vinha da Bolívia.
Foi como se tivessem aberto a porteira. Com poucos telefonemas e muitas cartas, começaram a chegar os cupons contemplados: Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile...Tudo bem não fosse o encarecimento do custo de envio dos bonés-rádios e o fato de que a fábrica brasileira da tal pilha estava impedida pela matriz, nos EUA, de vender fora do território brasileiro, daí essa possibilidade não ter sido contemplada no plano de operações.
Foi assim que a fábrica descobriu que ela só vendia no Brasil mas os atacadistas, seus distribuidores, não. Por tabela, constatou-se que a participação da marca promotora no mercado nacional era bem inferior ao que faziam supor os números de produção e sell in.
por
Marinho
às
18:11
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