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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Nós, os jogadores de Rugby

Pensei bastante sobre toda essa repercussão gerada na blogosfera depois do evento Papo de Boteco, e apesar de já ter lançado minha opinião ainda tenho uma última coisa a falar. Para me fazer entender, vou corroborar a analogia feita por Walter Susini naquela fatídica noite. A diferença entre planners atl e planners btl é a mesma daquela entre jogadores de futebol e jogadores de rugby.

Nós, jogadores de rugby, não queremos ser jogadores de futebol.

Eventualmente podemos vir a ser, por acaso do destino ou qualquer outro motivo de força maior. Mas por enquanto não somos. Estamos felizes com a truculência de nosso jogo.

As dimensões do nosso campo se assemelham às do futebol, o que nos dá um grande território para desbravar. Um território muitas vezes só nosso.

Mas infelizmente, ao contrário do que acontece em competições oficiais (onde cada time é composto por 15 jogadores), jogamos sempre a versão "7-a-side". Quando muito. Eles, por sua vez, estão sempre em 11 (sem contar os reservas).

Enquanto a bola dos jogadores de futebol é redonda, amiga das leis da física, a nossa é oval, com uma dinâmica toda própria (e confusa).

Como se isso não bastasse, ainda enfrentamos o desafio de avançar jogando a bola apenas para trás, e apesar disso parecer insanidade para os jogadores de futebol, para nós faz parte do dia-a-dia.

Por isso mesmo nosso treinamento é intensivo, por vezes brutal. Somos surrados, escurraçados, atacados, levados até o limite de qualquer ser humano comum. Afinal, precisamos estar sempre em forma.

Porque quando estamos em ação, com a bola na mão, qualquer adversário pode nos derrubar como um búfalo desenfreado que desfere sua cabeçada mortal bem no meio de nossas costelas. E isso não representa falta.

Devido a todos esses fatores deveríamos ser mais reconhecidos e valorizados, não é mesmo? Ledo engano. Na maioria das vezes não colhemos os louros de toda essa devoção e sacrifício. Gostosas, dinheiro, carrões turbinados e fama: tudo para os jogadores de futebol.

Mesmo assim, com todas essas diferenças e dificuldades, não almejamos ser jogadores de futebol. Somos jogadores de rugby com muito orgulho.

A única coisa que pedimos - com toda humildade do mundo - é que não afirmem que somos iguais a vocês, jogadores de futebol. Não saiam por aí dizendo que jogamos o mesmo jogo, com a mesma bola, as mesmas regras, no mesmo campo.

Apesar de nos alimentarmos da mesma paixão, o esporte, temos nossas características próprias. E ficaríamos muito felizes se elas fossem reconhecidas. Simples assim.