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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sênior é a mãe



Alguns nomes do futebol do passado batem bola no campo antes do início da partida. As bochechas ligeiramente caídas e a cintura mal contida no calção identificam o trabalho do tempo. São os jogadores seniores que vão dar brilho a uma ação de relacionamento de uma empresa com sua força de vendas.

Naquele mesmo instante, bem longe dali, profissionais com mais de 20 anos na cancha do marketing promocional suam a camisa ainda jogando na primeira divisão. Em comum com os craques aposentados do futebol apenas o rótulo “sênior” que, polyanamente, pode ser visto como uma homenagem ou, dramaticamente, como uma sentença a uma carreira.

Criticamos a malfadada junioridade que graça em nosso mercado, mas torcemos igualmente o nariz para aquilo que classificamos como “velha guarda”, “das antigas”, “macaco velho”.


Como também pertenço à ordem dos protoprimatas e continuo produzindo, é em causa própria que estou advogando ao observar que num mundo ideal o resultado do trabalho é o que deveria efetivamente ser levado em conta e não a idade de quem o fez.

É bem verdade que todo o desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas duas décadas implicou mudanças profundas no comportamento dos consumidores e nas mídias, e quem não esteve atento a elas perdeu o trem-bala da história. Como também é verdade que profissionais com muito tempo de mercado e, por isso, contemporâneos de mudanças profundas em seu meio tendem a negar o novo com um discurso pessimista que busca tão-somente disfarçar uma visão reacionária, encobrindo-a com o manto da experiência.


Mas esses casos não podem ser usados para estigmatizar profissionais, tomando essas atitudes como um padrão de comportamento entre os “vintages”.


A confluência de experiência com estruturação, de um lado, e com a experimentação e desestruturação, de outro, forma um ambiente propício para se conceber o novo e distingui-lo da novidade. Até porque é da decantação da novidade que se obtém o novo, o substrato da modernidade.


No final da década de 1980, quando os computadores começaram a se disseminar na agências, eu dirigia a criação de um núcleo de no-media (na época chamado de “merchandising”) na ex-Lintas, hoje Lowe. Meu conhecimento de informática era zero (só fui substituir a heróica Olivetti Lettera 36 em 1994). Portanto, não estava preparado para conduzir essa passagem e, pior de tudo, não tinha a quem recorrer.

Conversei muito com o pessoal do CPD, que falava e pensava informatiquês sem conseguir traduzir satisfatoriamente seu mundo para o nosso, e li o que havia de publicação disponível.
Foi assim que consegui entender que o computador era uma ferramenta e, como tal, daria maior rapidez e mais precisão para a arte de quem fosse artesão. Portanto, pensei, quem deveria pilotar essa nova ferramenta seriam, primeiro, os assistentes de arte e os arte-finalistas, que já tinham a cultura do fazer. Os operadores que estavam se formando na época dominavam o software, mas faltava-lhes essa cultura.

A experiência foi vitoriosa, embora tenham ocorrido problemas de percurso. Além disso, nem todos fizeram a migração, não por falta de capacidade, mas por resistência ao novo pura e simplesmente. Dos que conseguiram fazer a passagem, grande parte hoje supervisiona os núcleos de finalizadores que se formaram a partir dos cursos de software.


Conto esse case como exemplo de integração entre gerações e culturas diferentes fazendo com que o resultado da operação seja maior que a soma dos seus elementos.


Classificações pré conceituam nossa visão, nosso pensar. Analisar a produção intelectual a partir da senioridade ou junioridade de quem a fez pode privar a agência de uma troca de culturas com potencial de gerar o novo que nos alimenta.


É por isso que digo que sênior, com todo o respeito, é a mãe. A sua, leitor, a minha e todas as que permanecem produtivas como mãe, enxergando nos filhos transformados ao longo do tempo uma essência existencial imutável: a condição de filho. Como, em nosso caso, o filho chama-se idéia, não importa a forma e a idade que tenha.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Questão de nível

A propósito do post “Aula de Promoção”, do Panhoca, que, por sua vez, reproduz um outro, este do Neto, tratando da postura dos profissionais de marketing promocional em nosso mercado, eu gostaria de chamar a atenção para alguns pontos que julgo mais relevantes.

O Neto, com raro senso de observação, critica em nosso meio o que ele classifica como “falta de ambição” por parte de profissionais que “se comparam umbigo a umbigo e vêem seus negócios como fins em si mesmos, de maneira tacanha e com horizontes curtos”. Prosseguindo, ele exemplifica essa estreiteza de visão com a tese formulada pela Comissão de Marketing Promocional, que se debruça sobre picuinhas, como comprovação de autoria de idéias, certificação de agências promocionais (leia-se virarmos cartórios!!) e mediocridades do gênero, perdendo-se a oportunidade de, no mínimo, elevar o patamar da discussão para o nível de nossos parceiros em outras áreas.

Isso me faz lembrar de citação colhida no Departamento de Matemática da Universidade de Tromso, na Noruega: “Não conseguimos encontrar respostas para todos os nossos problemas. As que encontramos apenas nos levaram a formular novas questões. De uma certa maneira, sentimo-nos tão confusos como antes, mas acreditamos que estamos confusos num nível mais alto e sobre coisas mais importantes”.