quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A lição de João Cabral



Antonio Cícero, em artigo para a Folha de São Paulo (Ilustrada de 15 de novembro de 2008), observou que “João Cabral de Melo Neto costumava dividir os poetas em dois grupos. O primeiro é o daqueles para quem tudo o que não é espontâneo -logo, tudo o que dá trabalho, tudo o que é difícil- é falso. O segundo, no qual ele mesmo se colocava, é o daqueles para quem tudo o que é espontâneo - logo, tudo o que dispensa o trabalho, tudo o que é fácil - é falso. Para ele, “o fácil e espontâneo jamais passava de eco ou repetição inconsciente de vozes alheias”.


Ótimo, mas o que isso tem a ver com o planejamento promocional? Muita coisa, se substituirmos as palavras do poema por idéias.

Obviamente o planejar uma ação promocional está a anos-luz da ourivesaria literária que é a composição de um poema, mas o processo de criação não fica tão distante, principalmente se considerarmos a criação poética como arte e não como dizia João Cabral dos versos inspirados, ou seja, sem elaboração racional: “Todo o mundo acha de descrever a dor de corno dele como se fosse um poema”.


No planejamento promocional também só conseguimos chegar a resultados originais quando, através da lapidação cuidadosa das idéias, superamos a reprodução pura e simples do “eco ou repetição inconsciente de vozes alheias”.
Parodiando Carlos Drummond de Andrade, podemos dizer: Lutar com idéias/ É a luta mais vã. / Entanto lutamos / Mal rompe a manhã.

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