quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Promoplanners na Conferência do GP - parte 9

Finalmente chegamos ao último post dessa sequência sobre a Conferência do Grupo de Planejamento. Último post sobre o primeiro palestrante. Diga-se de passagem, (na minha opinião) o melhor palestrante do dia.

Seu nome é Jorge Forbes, psicanalista lacaniano bastante conceituado em seu meio que resolveu se aventurar um pouquinho no nosso mundo publicitário.

A palestra começou de um jeito bastante original uma vez que Forbes pediu para que as pessoas imaginassem uma histérica e um obsessivo típicos, tipo uma loira fatal e um metódico caixa de banco. Logo depois ele pede para que imaginemos uma pessoa normal, e aí vem a primeira conclusão: enquanto o "anormal" (no exemplo representado pela histérica e pelo obsessivo) age em bloco, todos com uma mesma "vestimenta", o normal não tem padrão!

E o que seria uma pessoa normal? Segundo Forbes é alguém que tem uma visão de mundo pessoal, e portanto "única", e que se responsabiliza por essa.

Dentro desse contexto o palestrante entra em um assunto mais familiar do que as neuroses humanas, ou seja, a boa e velha criatividade. Para ele criatividade é não se valer de soluções prontas, ou seja, não se valer das vestimentas. Portanto a criatividade pode ser encontrada exatamente nas pessoas normais.

Logo depois ele volta a falar das pessoas, afinal essa é sua especialidade, não é mesmo? Para ele a diferença entre uma pessoa chata e uma pessoa interessante está na maneira pela qual se transmite o conteúdo, e não no conteúdo em si.

Resumidamente, uma pessoa chata é aquela que não deixa existir o mal entendido, ou seja, esmiuça ao máximo o assunto do qual está falando de forma que o receptor da mensagem entenda perfeitamente, sem margem para interpretações.

No caminho contrário, a pessoa interessante é aquela que possibilita que outras pessoas sejam criativas, ou seja, dá espaço para interpretações, dúvidas e mistérios. Nesse sentido criatividade é um universo aberto, algo a ser completado, imaginado, interpretado etc.

Depois o palestrante falou um pouco como se configurava nossa sociedade nos tempos atuais, uma sociedade em rede, mais aberta, enigmática, sensual e participativa. Uma sociedade onde a criatividade encontra mais espaço do que antes.

E aí, de uma forma paradoxalmente metódica (lembrando que o paradoxo deixa questões em aberto), ele termina com uma lista de 10 "mandamentos" para a criatividade no contexto de uma sociedade em rede:

1. Surpresa: sair do lugar comum
2. Equívoco: ser muito claro cega, deixar o receptor "completar o texto"
3. Graça ou riso: recursos capazes de atravessar a barreira da linguagem
4. Humanização do objeto: aspectos cinetíficos não têm importância para a grande maioria das pessoas
5. Preocupação e desejos repartidos: não há espaço para o "eu"
6. Cuidado com o "progresso": um mundo universal é um mundo padronizado
7. Criativo: aspectos diferentes das coisas comuns
8. Cultura: é diferente de entretenimento pois é um elemento estruturante (não lembro se foi nessa ou em outra palestra, mas alguém comentou que daqui algum tempo a cultura iria suplantar o papel que a ecologia tem hoje)
9. História: não há futuro sem passado
10. Menos pompa, mais circunstância: essa vou deixar em aberto para que cada um interprete como quiser.

:-)