domingo, 14 de outubro de 2007

o problema certo

Planejamento de Propaganda e de Promoção têm várias diferenças. Mas uma das principais é o prazo dos jobs. Sim, eles têm mais. A gente às vezes, além do prazo pequeno, ainda tem que fazer a redação também. E a apresentação. E falar com a Produção sobre logística e viabilidade. E com o Atendimento, que só lê o rough que você mandou, na terça, sexta à tarde.

No que esse acúmulo de funções faz perder no resultado do trabalho é assunto para outro post. Neste, eu queria falar sobre o método Júlio Ribeiro de acertar na mosca.

O Júlio Ribeiro chegou onde chegou, entre outros méritos, porque arregaçava as manguinhas e ia a campo conversar com o Vendedor da empresa, com o Balconista da loja, encomendava pesquisa com o Consumidor, o diabo. Eu nunca pude pedir uma pesquisa decente. Duvido que você tenha podido. Porque não tem tempo. Porque não tem verba. Porque a agência de propaganda já fez (mas nunca chega, reparou?).

Mas não estou me fazendo de coitada. Eu adoro o Júlio Ribeiro. E se ele ficar feliz em saber que influenciou barbaramente uma pessoa que seja, já pode morrer em paz. Porque aprendi com ele que, em primeiro lugar, não adianta achar o problema. É preciso achar o problema certo. E, em segundo lugar, para saber qual é o problema certo, é preciso tirar a bunda da cadeira no ar-condicionado e ir conversar com Vendedores, Balconistas e sei lá mais quem na rua. A informação não vai cair do céu, anexada no envelope do job. Então, arrume tempo. Observe as pessoas no supermercado, veja como estão os produtos, como as pessoas se comportam. Você vai ao supermercado, afinal de contas. Otimização de tempo, uai! No próximo job, isso vai ser útil.

Observe muito. Pergunte. E saiba perguntar. Hoje em dia, ganha mais quem sabe perguntar que quem sabe responder, já disse o Neto da Bullet.

Lidamos com todo o 360. Às vezes o Cliente quer uma promoção, mas precisa de um Incentivo. É preciso MESMO achar o problema certo.

No último Semark, o próprio Júlio Ribeiro contou o caso de um banco que estava perdendo clientes na área premium e não sabia porquê. Pesquisa vai, pesquisa vem, descobriu-se que o problema estava na telefonista. O contato inicial deixava a desejar e os clientes entendiam que o banco não estava dedicando a eles a atenção necessária.

Adiantaria fazer uma promoção para os clientes premium?
Quantos jobs você já não viu assim?
Quantas promoções você já não viu naufragar porque a mira não tinha que ser voltada ao consumidor?
Quantas vezes você já foi mal atendido no banco?

É uma questão da gente saber juntar as informações certas para ter o problema certo.

Um comentário:

Marinho disse...

Oportuna (sempre) a lembrança de Júlio Ribeiro e seus postulados, tão simples e óbvios, que acabamos por passar ao largo por só enxergar confiabilidade no que é complicado. Também é do Júlio a observação que uma pergunta bem formulada já ee meia resposta; trocando a pergunta por briefing temos uma excelente equação!
Legal, Robi.

marinho