quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Todo homem é uma ilha

No pertinente e oportuno post do Gontijo tratando do Twitter como uma potencial futura mídia, desde que, é lógico, cuidando-se das devidas adequações (Homenagem Póstuma...), vi a oportunidade de estender o assunto buscando nessa novidade um outro viés de observação.

Comentando sobre o Second Life, ao qual o Gontijo também remete em seu post, J.R. Whitaker Penteado, em sua coluna no “Propaganda & Marketing” de 10 de setembro, observa “(...) é sempre bom ter em mente que a tecnologia muda e cresce, mas o ser humano continua o mesmo. Quase todo o novo pode ser explicado em termos do velho conhecido. Os videogames são filhos dos safáris, netos das máquinas elétricas Penny Arcade (que nunca chegaram até nós), bisnetos das paciências de cartas e descendentes das pulseiras de contas que mantinham ocupadas as mãos dos nossos ancestrais, há 120 séculos. Da mesma forma, os chats, messengers e orkuts são novos meios de agregação social, que se segmentam através de uma variedade de interesses, freqüentemente diminutos na amplitude, em geral bastante superficiais(...).

“Meios de agregação social”, essa talvez seja a eterna procura do homem, livrar-se do tormento de si mesmo. Por formação acadêmica, estudei sociologia sem, porém, jamais aceitar o postulado básico da disciplina que afirma ser o homem um ser social. Um olhar poético sobre a trajetória da humanidade poderá perceber que é exatamente o contrário: o homem é um animal solitário que se torna sociável por necessidade de sair de seu próprio isolamento: uma ilha num vasto arquipélago no qual cada um se comunica parcial e deficitariamente. Uma ilha que não está imune ao meio, varrida por ventos, mares e borrascas da história, de seu contexto sócio, econômico e cultural, mas ilha.

É a partir da necessidade do outro que vamos desenvolvendo possíveis pontes para nos ligarmos às outras ilhas e, assim, mitigarmos uma solidão que se manifesta principalmente na impossibilidade de uma comunicação plena com o próximo. E isso se vê nos costumes (o que são as tribos urbanas, os points?) e alimenta toda uma indústria da solidão que vive engendrando novas pontes que, em nosso meio, chamamos de pontos/recursos de conexão.

Toda ação (na Internet ou fora dela, não importa) que procura criar uma conexão entre uma marca e seu público tenderá ao fracasso. A ação deverá criar possibilidades de conexão entre as pessoas, onde há e haverá sempre a necessidade da comunhão; a marca terá seu espaço como veículo desse encontro.

Acredito que, transformando essas observações num filtro, teremos recursos mais seguros para determinar quanto mais uma novidade da web ou do universo “mobile”, como o Twitter, poderá servir de ferramenta no desenho de um planejamento de comunicação do marketing.