quinta-feira, 12 de agosto de 2010
A metáfora "clichê" é um clichê?
Humberto Werneck, jornalista, escritor e biógrafo, é autor de “O Pai dos Burros”, um dicionário de lugares-comuns e frases feitas: aquilo a que chamamos em comunicação de clichê.
À medida em que fui incursionando pelos verbetes do glossário, acabei tropeçando num sem-número de lugares-comuns e frases feitas que eu executava em voz, escrita e pensamento. A todo instante eu me pegava sacando um clichê. Tentando evitá-los, acabei bloqueado, sem meios de me expressar. Não pude nem me conformar em me sentir profundamente abalado porque, estava lá em “O Pai dos Burros”, isso era um lugar comum. O mesmo acontecendo com o âmago da questão, imprimir velocidade, levar um pé na bunda, dar caça às bruxas, dar um cheque em branco, morrer de rir, sair do armário e zilhões de expressões-padrão que, desesperai-vos planejadores, empobrecem a linguagem.
Foi aí que descobri que os lugares-comuns são conceitos “zipados” que tornam a comunicação mais rápida, mais fácil, embora menos elegante.
Vamos pegar o chavão bode expiatório: fulano foi pego como bode expiatório. Pronto, já fica entendido que houve um episódio com vários protagonistas e coadjuvantes no qual um dos implicados acabou sendo responsabilizado ou penalizado sozinho. Tente contar esse caso sem usar a expressão bode expiatório e verá que precisará de muito mais palavras e explicações para falar a mesma coisa.
Na verdade os clichês são pacotes de informação, às vezes até com alguma elaboração literária que, se bem manipulados, podem ser a chave do sucesso (olha o lugar-comum aí) na comunicação de massa.
Se considerarmos que a palavra “clichê”, como metáfora, é uma unidade linguística esteriotipada de fácil emprego pelo emissor e fácil compreensão pelo receptor, como registra o Houaiss, então clichê, no sentido figurado, é sim em si, um clichê.
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Um comentário:
usar o lugar-comum com criatividade, isso sim é eficiência + inspiração =]
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