sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Inspirando a Criação

Escrevi esse texto em 2008 para o blog O que inspira? de um grande amigo meu que pediu para contar como um planejamento pode inspirar a criação.

Relendo, achei legal dividir com vocês também. dois anos se passaram, mas acredito que as coisas que disse, continuam valendo para qualquer planner que trabalhe em promo, atl, digital, etc.

Bom proveito!


"Quando falamos do papel do planejamento dentro do processo criativo, a primeira coisa que ouvimos é que esse profissional é o responsável pelo briefing criativo.
Mas por que o briefing é tão importante?

Ele é o documento mais importante da agência. São meses de trabalho em uma única página. Ele é a semente da idéia criativa. É o contrato do planejamento com o atendimento, o cliente e a criação. E finalmente, ele é o ponto de referência para o debate com a criação e o cliente na hora que apresentamos uma campanha.

Um briefing criativo tem 3 funções:
- Definir claramente o problema
- Identificar a oportunidade e dar a direção
- Inspirar a solução

Um briefing pode ser o grande causador de problemas ou solução durante o processo criativo. Um briefing ruim cria campanhas ruins em 99,9% (0,01% é um mero acidente). Por outro lado, um bom briefing não garante uma campanha boa, mas existem grandes chances de isso acontecer.

Mas como um planejamento inspira a criação?
Fato é que somos todos criativos, mas criamos barreiras à nossa criatividade no dia a dia. Isso pode acontecer por 3 motivos:

- Hábito
Por ser muito usado, o nosso lado esquerdo do cérebro tende a olhar os problemas de uma forma padrão e comprovada. Por exemplo: "Nós queremos que a nossa marca seja igual a Apple".

- Medo
Quando vemos uma campanha na rua como a de Skol ou a de Twix, ficamos admirados, mas será que você teria coragem de apresentar e aprovar uma estratégia ousada com o risco de perder o emprego caso ela dê errado?

- Ownership
É quando as pessoas têm uma relação muito forte e antigo com a marca. Gente que dedicou muito suor muito tempo e muita energia nela e tem receio de perder o controle com tanta criatividade. São os casos das empresas familiares, por exemplo.

Para livrar a criação dessas barreiras, é estratégico que a criação visualize e experimente a marca, o produto ou serviço. Abuse de imagens, vídeos, entregue o produto real, consiga que o cliente faça demonstrações... só não ocupe mais o tempo deles e o seu do que o necessário.

Lembre-se: Foco e informações relevantes são fundamentais para um bom briefing.
Você deve sentir-se responsável. Não é porque você já passou o briefing para a criação que o trabalho do planejamento acabou e agora você sai correndo. Esteja pronto para dividir e contribuir com idéias à campanha.

Quando ouvir as soluções propostas, lembre-se que a criação provavelmente dedicou bastante tempo para chegar até elas, então veja bem a forma de abordar as críticas, tente entender o caminho que eles percorreram para chegar ali e reconheça que estamos todos do mesmo lado. Acima de tudo, seja construtivo!

Para isso, esteja aberto às idéias, vá com a cabeça aberta, deixe as neuras e as preocupações de fora, trate cada idéia com respeito, sabia se empolgar com as idéias também, empatia e proximidade da criação é a solução para muitos problemas e se necessário, releia um pedaço do brief que diz o que se espera da comunicação.

Veja se o potencial da idéia e questione-se:
- Tem vida longa ou é tática?
- É forte suficiente para inspirar outras ferramentas de comunicação?
- Inspira formatos e parcerias originais?

Lembre-se que as suas reações têm conseqüências. Questionar a estratégia requer um novo briefing. Questionar a idéia requer uma nova campanha. Questionar tom e linguagem requer nova execução. Nunca confunda os três.

Mas acima de tudo isso, aja como parte de um time. Ajude a resolver problemas e não a criar problemas. E tenho dito."