quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O poder de barganha dos clientes



Comecei a minha vida profissional numa empresa de equipamentos onde o core business era venda e locação de impressoras. Tinham agências e empresas de grande porte como cliente. Posso dizer que comecei a entrar nas mais representativas agências do mercado pelas portas dos fundos, como fornecedor.

Nessa época, um dos melhores vendedores era meu “tutor” na empresa e eu o acompanhava em quase todos os clientes. Nesse período vi todo tipo de negociação possível e imaginável. Para cada cliente, havia uma tabela apresentada, uma forma de pagamento diferente e um tipo de discurso.

De lá pra cá, acompanhei diversos tipos de negociações entre fornecedores e clientes. São descontos absurdos em tabelas que “regularizam” o mercado, contratações condicionais aos fechamentos das contas e até mesmo remunerações para o cliente, ou o famoso “por fora”. Tuuuuuuuudo para fazer o cliente se sentir feliz e satisfeito.

Nas agências não é diferente. A política de tratamento dos clientes vai muito além dos almoços em restaurantes caros e doces das reuniões. O poder de barganha dos clientes é tão grande que as agências se submetem verdadeiras barbáries. O que antes era um agrado para o cliente, onde todos os produtos daquela categoria passavam a ser comprados da empresa em questão. Hoje em dia, em muitas agências, consumir um produto do concorrente dentro da empresa ou até mesmo próximo é motivo para demissão por “Justa Causa”. E vai além! O cliente manda e desmanda na estrutura organizacional da empresa, manda contratar, mas manda também demitir, justificando um motivo esdrúxulo e forçando a barra que essa ou outra atitude é passível de “perda da conta”.

Nós funcionários (ou já que emitimos NF podemos nos considerar fornecedores?) acabamos sofrendo com isso. Em um mundo atual onde a tecnologia nos permite expor nossas vidas pessoais e profissionais através da internet, também temos que tomar muito cuidado com o que fazemos fora do nosso “ambiente de trabalho”.

As queixas sobre o trabalho, que aconteciam na mesa do bar ou no sofá de casa hoje aparecem no twitter, no blog, no Orkut, etc.

Só que esse desabafo fica registrado, um simples momento extravasado mesmo que em forma de um sussurro contido pode trazer conseqüências não tão positivas depois.

Acontece que os clientes perceberam (e nós mostramos para eles inúmeras vezes) que a internet tem um poder enorme de disseminar uma marca para o bem ou para o mal.

Dessa maneira, surgem políticas empresariais (criadas após o incômodo de uma cúpula ou por uma reclamação de um cliente) de como os contratados de determinada empresa devem proceder com relação às mídias sociais. Aqueles que não cumprirem com o estabelecido, são demitidos por “Justa Causa”.

Existem aqueles que reclamam da censura e existem aqueles que defendem as empresas.

É claro que sempre aparece a famosa “regra do bom senso”. Só que bom senso é relativo para cada pessoa. O que um considera normal, o outro pode achar um absurdo tremendo. E algo tão grave como uma demissão não pode ficar a mercê de algo tão subjetivo.

Mas até que ponto as empresas podem controlar o que publicamos em nossos blogs, twitters e orkuts da vida? E qual é a linha que separa o que é profissional do que é pessoal? Até que ponto contar um fato é denegrir a imagem de uma agência ou cliente? É censura ou não? Você concorda com a normatização de uso pela empresa que você trabalha? Você já foi repreendido? Qual a sua opinião? Cliente tem sempre razão?

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