"Logo após a segunda guerra, políticos e empresários estavam tentando encontrar maneiras de fortalecer a economia. Foi então que Victor Lebow, um analista do varejo, articulou a solução que se tornaria a norma para todo o sistema capitalista:
Nossa economia altamente produtiva exige que façamos do consumo nosso meio de vida, que convertamos a compra e o uso desse produtos em rituais, que busquemos nossa satisfação espiritual - a satisfação de nosso ego - no consumo... Precisamos ter coisas consumidas, queimadas, substituídas e descartadas em um ritmo cada vez mais acelerado."
Essa é a essência de nossa profissão. Garantir a manutenção dessa lógica de consumo. Por isso, é muito importante que assistam ao vídeo de onde retirei o texto acima (talvez alguns já tenham assistido). Não precisamos nos revoltar ou liderar motins em nossas agências, mas sabendo da posição que ocupamos, seria no mínimo irresponsabilidade fechar os olhos para a questão.
"The Story of Stuff", com Annie Leonard (e legendas em português):
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
A história das coisas: a triste faceta de nossa profissão.
por
Gustavo Gontijo
às
18:15
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2 comentários:
Infelizmente ou felizmente estamos em um época onde o consumo é a satisfação pessoal das pessoas... que compram para se acalmar, ou compram porque estão nervosas, gastam porque têm problemas, jantam em lugares chiquérrimos porque tiveram um dia difícil e consomem simplesmente porque seus familiares morreram e é preciso deixá-los em paz em um lugar descente... as vezes isso me assusta...o que me vêm em mente as pessoas de renda baixo da linha da pobreza, que por essa mesma "limitação" não podem consumir... como sobrevivem?
De acordo com Zygmunt Bauman, essas pessoas de menor poder aquisitivo sobrevivem pelo medo de serem descartadas, jogadas no lixo. No fim das contas, todos nós corremos para ficar no mesmo lugar. Se quisermos ir a outro lugar, precisamos correr duas vezes mais rápido - e talvez atropelar quem estiver no caminho.
A dinâmica da sociedade capitalista criou um indíviduo sitiado, que busca sua individualidade em objetos de consumo, e por isso mesmo nunca a encontrará. Isso porque esses objetos são descartáveis, e nós esimulamos sua reposição como premissa para a realização do indivíduo. De acordo com essa teoria, a individualidade nunca será uma realidade de todos, mas sim de poucos favorecidos - e para isso eles precisam continuar consumindo. Ao resto, sobra o instinto de sobrevivência, a pulsão de vida, que faz o gado aguentar a brasa quente no lombo para ter o direito de pastar até o momento do abate.
É um assunto complexo, que tentarei aprofundar em outros posts.
Abraços,
Gustavo Gontijo
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