sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Faz escuro mas eu canto




Uma onda de crise financeira, ameaçando transformar-se em tsunami, varre os Estados Unidos, inunda a Europa e a Ásia, mas, estranhamente, não respinga sobre nós.

Estaremos no cume da montanha ou abaixo da linha d’água?

O governo nos acalma (é seu papel) e diz que quem pariu Matheus que o embale, o que seria justo se fosse outro o mundo.

Os economistas, bem os economistas...

Difícil distinguir realidade de catastrofismo. Difícil saber onde termina o otimismo e começa o devaneio.

Aguardemos.

Os cataclismos costumam ser precedidos de silêncio e de imobilismo.

Também não vejo movimento em nosso meio. O assunto está confinado aos cadernos de economia e finanças. É como se nossas atividades se dessem no interior de uma arca de Noé, à prova de dilúvios.

Um colega recém-chegado ao nosso mercado perguntou-me como o setor age em tempos de crise. Passei por várias, desde os planos econômicos até a implantação do real em 1994 e o fim do dólar subsidiado em 1999. Em todas, não deu para seguir a lição de Paulinho da Viola e fazer como o “velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar”. Tivemos que remar muito e forte, deixando de lado as propostas estratégicas e partindo para as táticas. Não é o ideal, mas, nessa hora, o que os clientes precisam é de um escaler e não de um navio de longo curso.

Espero que a tempestade que se abate acima do Equador sejam mesmo só nuvens carregadas para nós. Caso contrário, aconselho aplicarmos a lição de Thiago de Mello: “Faz escuro mas eu canto”.

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