quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Decorando o improviso

Odorico Paraguaçu, o bem-amado prefeito de Sucupira, tinha por hábito decorar seus improvisos. Ou seja, formalizava aquilo que era para ser espontâneo.

Isso não é tão absurdo quanto parece. Vez por outra tem alguém decorando o improviso, principalmente quando o meio é o do marketing promocional.

Esse é o caso das solicitações de ações na web que tenham o poder de ser virais. Ricardo Cavallini, em O Marketing depois de amanhã, observa: “Um lado engraçado do marketing viral é que, por depender do comportamento humano, é imprevisível, e portanto muito difícil de prever ou controlar. Ter menos controle é parte da nova realidade (...)”.

Imprevisível e difícil de controlar, essas palavras estão tanto no discurso do Cavallini quanto na essência de tudo o que “depende do comportamento humano”. Talvez, mais para a frente, com maior conhecimento e domínio dos estímulos neurais, possamos controlar o fator viral. No momento, resta-nos exercitar a criatividade e torcer para que o acaso faça o seu papel.

Mas isso não é só. Há ainda a questão do controle que também significa saber a priori se a endemia que criaremos terá capacidade de chegar a uma epidemia, quiçá uma pandemia. Não dá. Por enquanto, serão milhares os espermatozóides-idéias lançados no ato de criação, mas apenas um fecundará o óvulo viral.

Poderemos melhorar essa marca? Por certo, mas até lá vamos evitar decorar o improviso. Lembremos que o tempo passou, mas Sucupira, não. Ela vive em nós.

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