terça-feira, 24 de junho de 2008

Da estupidez popular

Temos para nós que os axiomas encerram o que seria uma rica herança de conhecimento a qual pomposamente classificamos de “sabedoria popular” ou mesmo milenar, quando ligados a culturas anciãs.
Raras vezes paramos para analisar criticamente essas “verdades-padrão”. Nada de mais haveria nisso se essa não fosse uma forma de pré-condicionarmos a maneira como pensamos, o que é extremamente perigoso para quem trabalha com idéias, como nós.
Veja onde mora o perigo:

Devagar se vai ao longe
De fato, Rubens Barrichello entrou para a história do automobilismo como o piloto que disputou o maior número de GPs da F-1; está indo longe numa carreira sem títulos, bem devagar. Em nosso trabalho, isso poderá representar a opção por uma estratégia low profile para uma marca como forma de não provocar reações da concorrência, construindo-se awareness ao longo do tempo, bem devagar, como se o mercado esperasse.

A pressa é inimiga da perfeição
Eu diria que, antes de qualquer coisa, a pressa é inimiga da lentidão. É óbvio que fazer qualquer coisa de maneira açodada implicará relaxar com os cuidados, mas isso não deve servir de argumento para nos remeter ao axioma anterior. Por fazermos disso um traço cultural é que a história do Brasil é um documentário em super slow motion.

Casa de ferreiro, espeto de pau
O último ferreiro que pensava dessa forma fechou as portas da sua serralheria no ocaso do século 20. O ferreiro contemporâneo tem em sua casa, em desenvolvimento, espetos de ligas metálicas especiais que o mercado nem sequer desconfia poder existir. Por se conformar com bobagens desse gênero é que muitas agências trabalham mal seu marketing, pouco investem em sua apresentação e descuidam da sua marca.


Mais vale um pássaro na mão do que dois voando
Isso é a antítese do sonho como motor da criação. Quando se trabalha com idéias, os dois pássaros voando serão sempre a possibilidade do novo, de algo de concreto a se conquistar.
O pássaro agarrado é a tarefa cumprida, o alvo alcançado. Como dizia o dístico da cadeira de criatividade da universidade de Búfalo: “Se funciona, está superado”.


E segue a barca
Poderia ficar contradizendo todos os ditos populares até mesmo pelo exercício de ser do contra, mas o que importa mesmo é chamar a atenção para os pensamentos-forma, sempre conformistas e limitadores, que sorrateiramente moldam nosso pensar e filtram a nossa visão. Afinal, a humanidade chegou onde está exatamente por contrariar as verdades estabelecidas.

Um comentário:

Gustavo Gontijo disse...

Concordo em gênero, número e grau. É bom ver um novo post seu depois de um tempo ausente. Eles sempre trazem reflexões interessantes. Abraços!