Nosso leitor Adams nos enviou a experiência que teve e que, imediatamente, fez-se lembrar do post do Raul. Se um vendedor não tinha noção de posicionamento e tentava vender cavaquinhos na Berrini, vejam só esse outro:
"Outro dia, no ônibus, entrou mais um daqueles vendedores ambulantes que pedem para você segurar um instantinho, sem compromisso, o produto deles, e então você já começa a penar, lá vem mais um com o discurso já manjado de que está desempregado e pede uma ajuda e tal.
"Mas, nesse dia, o vendedor me surpreendeu. Ele trazia pacotes com uns cinco bombons, que entregou aos passageiros. Eu, como sempre, não peguei o pacote e quase me desliguei do papo do cara, mas, após a primeira frase, fiquei interessado na conversa.
"Ele disse que trazia um bombom de alta qualidade, produzido pela Arcor, que era a quarta maior empresa de chocolates do Brasil, atrás apenas da Nestlé, da Garoto e da Lacta, nesta ordem, e que o chocolate não era esses de baixa qualidade, que os outros vendedores ofereciam. Informou ainda que o preço dele era mais baixo, apesar de tudo estar aumentando, desde o barril de petróleo até o arroz.
"O timing do cara era perfeito. Era quase 4 e meia da tarde, a tradicional hora do lanchinho, e ele provavelmente trabalharia até as seis ou sete horas da noite, abordando as pessoas que sairiam de seus trabalhos, potencializando sua venda.
"Veja, o cara é um vendedor ambulante, provavelmente com baixa escolaridade, totalmente ligado no que acontece, com um discurso poderoso de venda, baseado na diferenciação do produto e na comparação com os concorrentes, oferecendo um produto de marca aos passageiros de um ônibus a um preço competitivo.
"Agora imagine o potencial de uma força de vendas deste tipo em uma cidade como São Paulo, com os milhares de ônibus nos principais corredores da cidade advogando em benefício de uma marca. Da sua marca ou da marca do seu cliente.
"O ambulante comprou o chocolate em um distribuidor, provavelmente um atacadista, imaginou um preço competitivo, estudou o mercado (passageiros do busão), a empresa (Arcor), ensaiou um discurso de venda e saiu a campo. Melhor do que muita promotora de PDV, não é?
"Agora a questão é se seria viável uma ação de incentivo para esse público “interno”? Como abordar centenas ou milhares de vendedores ambulantes e motivá-los a vender seu produto? Esse tipo de ação traria resultados relevantes para os distribuidores de chocolates? A empresa de chocolates ou os distribuidores poderiam dar ajuda logística para os ambulantes ou poderia identificar as melhores áreas para venda? Alguma sugestão?"
Na verdade, Adams, existem ações destinadas a estes vendedores. Nos grandes atacadistas fazemos ações como, por exemplo, "na compra de X caixas, você tem direito a uma raspadinha". E estamos falando em quantidades muito pequenas mesmo, tipo menos de 10: "na compra de 4 caixas de produtos Adams, sendo uma de Bubbaloo, você ganha uma raspadinha".
E os prêmios são baratinhos e podem ser objetos que facilitem a venda do cara, desde um boné para ele usar até um "display" para ele carregar a mercadoria na hora de vender.
Eu, por exemplo, fiz uma vez, aqui na SD, em 2001, uma promoção que colocava um enorme painel-raspadinha decorado na loja, bem perto da entrada.
O cara, comprando as X caixas, tinha o direito de raspar um número lá no Raspadão. Ele podia ganhar um prêmio na hora e ainda concorria a uma bicicleta por loja. Preminho simples, tudo pequeno, e bombava de gente participando.
Claro que, ao invés da raspadinha pode ser qualquer outra mecânica. O fato é que funciona. É bom para o Atacadista, que tem fidelidade, é bom para o Vendedor ambulante, que tem uma vantagem a mais e é bom para a empresa, que vende mais... não apenas aos ambulantes como para o varejinho em geral.
Esse vendedor de cavaquinho precisava ler o Promo Planners!
: )
Valeu, Adams! ;)
quarta-feira, 4 de junho de 2008
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9 comentários:
Vocês lembram quando relançaram as balas Suprasumo??? naquela embalagem maior e tal...
Então, ela só era vendida por ambulantes... Não sei qual era a estratégia da empresa, mas lembro que não tinha em pedocas, bombonieres e etc.. só na rua...
acho que vcs lembram... eu tenho 21 e lembro... rs
OLHUCARACHAMANDOAGENTEDEVELHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
: )
Pior que eu não lembro. Acho que a memória anda falhando... HAHAHAH
: )
Robi, eu nunca vi um texto com tantos "Adams" escritos, com tantos significados diferentes... só faltou colocar algo do filme pra ficar completo :-D
AHAHAHHAHA E pior que não foi de propósito!
Posso levantar uma quest�o?
N�o � um pouco arriscado lan�ar o produto na m�o de pessoas que voc� n�o tem controle?
Existem quest�es como a vestimenta, a higiene, o comportamento, a linguagem. At� quest�es como comprometimento em manter o produto em ambiente adequado para armazenamento e aten�o nas datas de validade.
Eu teria receio de utilizar esta for�a de venda, afinal essas marcas se utilizam de grande esfor�o e investimento para promover seus produtos numa linguagem x, em canais y, com posicionamento z, entende?
Eu n�o arriscaria :)
Mas � s� uma opini�o!
Patrícia, não só pode como deve dar sua opinião. Até porque, aqui nesse caso você tem total razão.
Acontece que tem o seguinte: o vendedor ambulante existe. E compra. Então, por que não comprar o meu? Mas, mais do que isso, essas ações são voltadas aos pequenos varejos. E por "pequeno varejo" você considera todo estabelecimento de venda com menos de 5 check-outs. Você não pode ignorar o botequinho da favela nem o ambulante porque eles, efetivamente, vendem seu produto. Então ok, não vamos fazer uma ação só para ele, mas vamos fazer para o varejinho. E aí não posso ignorar nenhum "canal de venda".
Por exemplo: você vai fazer uma ação de cerveja na praia. Os vendedores ambulantes existem. É melhor você gastar pouca grana dando, por exemplo, camisetas para eles (que vendem todas as marcas, mas fazem propaganda da sua) do que gastar uma puta grana colocando vendedores seus pra competir com eles. Ou vc dá a camiseta + desconto na compra do seu produto, assim ele passa a ser meio que um vendedor exclusivo. Se existe, a gente não pode ignorar.
Patrício, O Biscoito Globo faz isso no Rio de Janeiro e é um sucesso. Eles até desenvolveram uma embalagem especial, de papel, só pra ajudar os vendedores ambulantes a conservarem o produto debaixo daquele solzão carioca. Eu acho que eles não se arrependem de nada.
O sucesso da marca é tanto são até vendidas cangas (piratas?) com a marca do biscoito!
O único 'problema' são os vendedores que pronunciam 'Grobo", mas isso é o de menos. :-D
Concordo com vocês quando dizem que temos que transformar um problema em uma solução.
Minha dúvida se refere mais a ambulantes de ônibus e sinais.
Vocês perceberam que agora estão falando no metrô (as vozes do além) que não se deve comprar mercadoria no metrô, nem dar esmola. "Não incentive essa prática".
Também me preocupa com a entrega de material promocional para não só ambulantes, mas pessoas que a gente não tem controle.
Imagina se você dá todo o material promocional para um comerciante de pria, de uma marca de cerveja. O Rapaz fica doente e manda o filho vender no lugar.
A gente vai estar vestindo uma criança que vai estar realizando trabalho infantil, e ainda por cima fazendo propaganda de um bem de consumo somente para adultos. Olha a bronca!
é aquela coisa né...se você tiver distribuindo água gelada e uma tiver quente...o cliente (ou pior a fiscalização) vai pegar justamente a quente.
Que nem meu pai diz:
Cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém.
Beijos!!!
A lei de murphy existe. Promotores de Red Bull não fizeram abordagem no buraco do metrô, durante a retirada dos mortos?
Resta a nós ter a flexibilidade de contornar. Não se pode deixar de fazer as coisas porque "e se..."
Considerando o "e se...", a gente não faz nada.
Então, enquanto houver bom senso, tá valendo.
A partir daí... que Deus nos ajude. Isso vale para tudo. Vale para o vendedor de cerveja que manda o filho de 10 anos no lugar dele, vale para a promotora selecionada em casting que comenta com todo mundo que o produto da concorrência é mais gostoso e vale para o Papai Noel que, no meio da ação manda um "vaza, moleque" pra um menininho de 5 anos. Todos casos reais. Shit happens. Fazer o quê?
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