quinta-feira, 24 de abril de 2008

Muito Barulho Por Nada

Depois de 2 semanas offline, me plugo na tomada novamente e dou de cara com uma polêmica animadíssima sobre o tal do post do Neto. É e-mail rodando pelas agências, e-mails na minha caixa postal, na caixa postal do PP, comments lá no NCPM, aqui no PP, post do Blog do GP, post do Cava chamando para o podcast no Brainstorm #9

Ou seja: o assunto já deu o que tinha que dar. Mas fiquei feliz de várias pessoas terem pedido minha opinião depois de toda a polêmica.

Ok, então, mesmo atrasados, vamos lá – e vamos com cuidado. Primeiro porque algumas pessoas pediram minha opinião insufladas por uma coisa “mostra pra ele” / “quem ele pensa que é, po?”. Mas aí eu saio perdendo! Ahahahah Porque – e isso é mais pra quem tá começando e ainda não tem noção da força de uma opinião, seja ela qual for, do cara - o Neto é o seguinte: o homem é um gênio. É uma referência criativa para todo o mercado e a maior prova é onde a Bullet chegou sendo a cara e a alma dele. E quem me conhece há mais de meia hora sabe que falo isso com convicção, de coração e segurando minha carteirinha de fã. Porque ele é também generoso e não existem caracteres o suficiente na Internet pra eu contar tudo o que aprendi com ele.

Mas, se o post não terminou na linha acima… bom, então é porque eu não concordo com ele nesse assunto. Nem mesmo lendo e ouvindo o que ele declarou que quis dizer. E, se pus dois comments lá e pediram minha opinião, aqui vai ela:


O que ele disse / disse que quis dizer:

Ele não concorda com a função que o Planejamento tem, hoje, de tradutor e intérprete do Atendimento.

Essa mastigação toda acaba produzindo um engessamento. Ou seja, quando o job chega na Criação, acaba rolando um “não, mas tem que ser assim porque eu fiz uma pesquisa…” ou “não, mas tem que ser assim porque eu fiz o power point…”.

O power point passa a ser mais importante do que a campanha. A ponto disso ter adquirido um tamanho que, hoje, muito mais estudantes de Comunicação querem ser Planners, sendo que sempre a maioria quis ser Criação. E por quê? Porque o cara acaba pensando “bom, eu não sei se tenho o dom, então vou me garantir aqui aprendendo uma técnica”.

E, afinal de contas, boas idéias não surgem em um power point. Pra se ter uma idéia inusitada é preciso arriscar um pouco. Não dá pra criar uma idéia surpreendente se a Criação ficar amarrada às tabelas e power points do Planejamento.


O que eu tenho a dizer:

Que essa generalizada que ele deu é a mesma coisa que eu escrever um post aqui falando que não concordo com a função da Criação, hoje, de ficar esperando o Planejamento vir com alguma solução pra sair fazendo as peças sem nem questionar nada.

É assim que funciona? Em algumas agências, é. Mas eu não posso falar isso assim, generalizando, porque, em MUITAS agências, não é o que acontece.

Mas OK, é claro que ninguém aqui vai imaginar que o Neto tenha generalizado assim, tão sem noção. Ele mesmo depois disse ou escreveu que não estava falando mal do Planejamento e, sim, do cara que não é criativo.

Bom, aí começa a ficar mais divertido então. Porque eu acho que o Planner que é inteligente, e pensa que esse é seu ponto forte, engessa a Criação.

Então quem não engessa? O Planner que sabe usar a sua inteligência. O cara que é criativo. Portanto, até aqui, concordo e assino embaixo. Na hora de criar, o senso comum sucks.

Tá, mas aí nós temos 5 tipos de agência (tô considerando as BTL, porque só posso falar do que conheço, certo?):

Tipo 1: o Redator faz Planejamento. Tradução: o Redator faz um power point que é quase um racional das peças, faz os textos de primeira, faz a reunião com o Atendimento, a Produção, arruma no plano o que não coube na verba, revisa a arte-final que tá saindo e faz as refações dos jobs que voltaram e que são pra ontem.

Tipo 2: a equipe de Planejamento é deficiente. O resultado é um monte de pesquisa do Google, tabelas, referências, textos etc jogados na mão da Criação.

Tipo 3: a Criação é meia boca. O resultado é que o Planejamento aos poucos vai se vendo obrigado a avançar, sozinho, até láaaaa no conceito criativo. Aí chega aquele power point com fundo branco já com ação de blitz criada, tabelinha de logística de impactos, vai tudo pronto que é pra passar menos vergonha na apresentação. Se o Planejamento tiver mão de Atendimento, a Criação recebe uma versão powerpóintica do briefing. Se tiver mão de Criação… bom, aí normalmente vai pro cliente sem as peças.

Tipo 4: O Diretor de Criação centraliza e ele mesmo faz as estratégias, baseadas em seu conhecimento e experiência. Ih, menino, aí o Planejamento vira fazedor de Power Point geral. E/ou vira tráfego da Criação e da Produção.

Tipo 5: O Planejamento e a Criação são bons. Upa, aí é uma beleza. Porque aí o trabalho é feito em equipe. E aí o Planejamento engessa a Criação como? Não engessa.

Então depende também da situação?
Pô, pra caramba!
E cada agência BTL tem um job description diferente pro Planejamento, é realmente impressionante.

Então eu acho que, considerando que todas as agências sejam do Tipo 5 (ah o mundo seria bom, não?), com o Planejamento trabalhando ali pra construir a marca e não pra fazer ponte com a Produção, tabelinha de logística ou apoio de fornecimento de referência do Google pra Criação, o post do Neto é perfeito.

Mas não são.

O Tipo 5 é minoria.

E aí o post fica míope.

E acho que foi por isso que, do ponto-de-vista dele, o que ele falou foi distorcido.

Se você quiser mais detalhes do que o Neto pensa sobre isso, leia aqui o post, os comentários e as respostas dele aos comentários. E ouça aqui as opiniões dele, conversando com outros caras-referências de mercado.

Se você quiser saber mais detalhes do que eu penso sobre isso, leia todos os posts que assino aqui nesse blog.

E não se esqueça de uma das frases que anotei aqui na minha parede de redator, e que anda na moda: o importante não é ter razão, é ser feliz.
: )

Um comentário:

Anônimo disse...

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