Como eu disse ao lançar o Desafio, não há uma resposta certa. Porque não há regra. Não há Lei. O que existe é Bom Senso, Oportunidade, Planejamento e Criatividade.
Oportunidade: existe um artista plástico que faz esculturas usando palitos de fósforo. Minha agência atende a Pequenos Palitos S.A. O bom senso me diz para verificar quanto de interesse essa exposição criaria. E esse artista, ele faz esculturas em palito de fósforo por quê? Sim, porque ele pode sair divulgando que é um trabalho-protesto que ele começou a fazer depois que foi torturado na Guerra do Vietnã com fósforos sendo acesos em todo o corpo. Ele pode ser do Movimento dos Admiradores das FARCs. Quem quer esse cara vinculado à sua marca?
Planejamento: se a oportunidade se mostrou boa realmente, é claro que entramos no momento mais “depende” de todos. Depende da relação da sua agência com a Pequenos Palitos, depende do posicionamento dela, depende de seu público, de muitas coisas. Mas no Desafio, consideramos que o bom senso perscrutou tudo isso e deu OK. Agora, como aproveitar essa oportunidade para gerar business para nosso cliente – e nossa agência? O ideal é contratar o artista para fazer uma escultura exclusiva, usando os palitos da Pequenos Palitos, inserí-la em uma exposição do cara e sair com esse evento pelas praças-chave gerando ações em paralelo, com abordagens de divulgação e a produção de uma série limitada de caixinhas decoradas pelo artista.
Tudo vale a pena quando a verba não é pequena. Mas a Pequenos Palitos, você sabe: é pobrinha. De marré de si.
Criatividade: a criatividade existe porque existem problemas. Diante de um problema, você tem que se virar pra resolver. Esse “se virar” é a parte em que você tem que ser criativo. Não existe Planejamento sem Criatividade porque não existe Planejamento se não houver um problema.
Algumas pessoas que responderam ao Desafio disseram que fariam o trabalho assim mesmo (A). E ponto. Mas um chefe fica mais impressionado se você gerar negócios pra ele, então a A é furada.
Por isso, alguns responderam A+B. Aqui, você dá prioridade ao seu cliente mas, se ele não bancar, você leva o projeto pro concorrente dele, que é maior. Perigoso. Não é errado. Mas como não estamos entrando nas particularidades do nosso cliente fake, vamos só considerar que há riscos, mas é uma resposta OK.
Quem escolheu a alternativa C pisou em gelo fino. Sim, os jobs do follow-up têm prioridade. Mas oportunidades bem aproveitadas valem muitos pontos. Se você está lotado de jobs, join the club. Imagine eu chegando no cliente e dizendo “olha, esse briefing que você passou, pedindo uma promoção, na verdade se desdobraria lindamente com um evento, um incentivo e também teria uma continuidade pro semestre que vem mas, sabe o que é? Tô lotado de job”. É a mesma coisa.
Dos que responderam, ninguém considerou consultar o Atendimento (D). Tenho pra mim que isso se dá porque ou é o Atendimento quem faz o Planejamento ou o Planejamento sempre, SEMPRE, tem mais referências, até sobre os próprios clientes. Em Promoção, o Atendimento é, cada vez mais, delivery de jobs. Sem estratégia. E com poucas exceções.
Me espantaram as respostas n.d.a. (E), que é a que eu, pessoalmente, marcaria. Porque não vieram. O único que assinalou n.d.a. foi o Marcos, que é Cliente! E justificou muito dentro do que eu queria falar com este Desafio: é fácil, muito fácil, querer conquistar um cliente maior. É difícil, muito difícil, manter qualquer cliente hoje em dia, com demanda em quantidade e qualidade (nem sempre, mas) cada vez maiores.
Se você acha o apartamento dos seus sonhos e lá tem um piso roxo-defunto na cozinha, você desiste da compra? Não, você dá um jeito. Pinta, taca um paviflex, economiza e troca o piso, pinta o resto de pink e põe um globo de espelhos no teto, sei lá. Você dá um jeito. Então seja criativo para manter seu emprego e, se você atende a um cliente que fabrica palitos de fósforo e está diante de um artista que faz esculturas de palito de fósforo, adeqüe um a outro: faça um site que disponibilize as imagens (foto e vídeo) e crie promoções virtuais com prêmios que sejam objetos decorados pelo artista, por exemplo. Ponha um concurso cultural em que as pessoas mandem as fotos de suas próprias esculturas e faça uma exposição itinerante das vencedoras.
Esse post nasceu de um job real, que acabei de fazer. Não era pra um fabricantes de palito e nem envolvia um artista que trabalha com esse material. A idéia foi levada, sob meus protestos e anti-eticamente, para dois clientes concorrentes, um da casa e pobrinho; e um prospect, ricão. O pobrinho adorou a solução que criamos e comprou o projeto. Vendeu internamente e conseguiu mais verba. O ricão, pra sorte nossa, não respondeu até hoje. Parece que a idéia está parada na gaveta do chefe do chefe do cara que trabalha no departamento do contato que é primo do tio da amiga da Gerente de Produto Junior.
sexta-feira, 14 de março de 2008
Desafio Hipotético 9 - Parte 2, a Resposta
por
Roberta Carusi
às
17:32
Marcadores:
criação e planejamento,
criatividade,
desafio hipotetico,
oportunidade,
robi carusi
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário