quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu não nasci planejamento.


Acho que atualmente, uma boa parte dos planners em atividade no nosso mercado vieram de outras áreas.

São atendimentos que evoluíram, criativos que criaram juízo, produtores com visão além do alcance e até ex-clientes que se encantaram com o pseudo-glamour e a liberdade do trabalho em agências.

Eu mesmo comecei como arte-finalista. De tanto mexer nos textos da redatora na hora de diagramar, fui “rebaixado” para estagiário na criação e em pouco tempo virei redator.

Como redator, muito mais do que criatividade o que me movia era a inquietude, a vontade de fazer mais.

Das idéias e textos de peça, surgiram as defesas de conceitos, das defesas vieram os primeiros ppts (blargh). Tudo sempre no modelo do retro-planejamento. Criar primeiro e depois justificar.

Isso tudo aconteceu no começo da década de 90, quando agências de BTL nem sonhavam com um profissional ou um departamento de planejamento.

Por isso mesmo, surgiu a figura do redator/planner, aquele que criava e justificava. Modelo ainda usado em algumas agências.

Não tenho vergonha de ter sido redator/planner por muito tempo e em muitas agencias. Era uma questão de sobrevivência do trabalho. Ou se fazia isso ou um atendimento incompetente poria tudo a perder na frente do cliente.

Nestes 17 anos de carreira já fui só redator, já fui só planner, já fui até diretor de criação.

Hoje sou 100% planner, formado por todas as experiências que tive em agências e com clientes. Flexível, inquieto mas acima de tudo comprometido com o sucesso do trabalho.

Por isso mesmo, não entendo o radicalismo de alguns planners mais jovens que insistem em seguir modelos prontos e engessados de como deve ser um planner e seu departamento.

“Planner não faz isso, planner não faz aquilo, planner não cria, planner não organiza, planner não faz ppt (blargh de novo)”.

Planner faz o que o job e a marca pedem. Se para o sucesso do job é necessário organizar algumas informações, organize.

Se é necessário falar com o cliente para tirar uma dúvida, fale.

Não seja um cagador de regras. Produza, crie, atenda, organize, ppteie.

Imponha suas prioridades através do trabalho, elas vão surgir. Quem te paga vai entender que seu tempo é melhor utilizado quando ao invés de suprir as carências de outros departamentos você está sendo planner.

Se você não dá porrada e não xinga o cliente para que ele entenda o job, por que vai fazer isso com seus parceiros para que eles entendam seu trabalho?

Não precisa ser o Gandhi da agência, mas também não precisa ser um taliban.

Seja radical na hora de propor coisas novas para o seu cliente, na hora de defender uma idéia consistente. Se você reclama de tudo, sua contundência nessa hora vira só mais um chiliquinho.

Se você nasceu planner, siga seus gurus preferidos, mas dê uma olhadinha nos gurus dos outros.

Os gurus de planejamento que hoje pregam esse radicalismo conquistaram sua credibilidade ao longo de anos engolindo sapos e mostrando que no final estavam certos.

Leva tempo, assim como construir uma marca forte. Construa a sua marca como planner da mesma forma. Planeje. Não seja tático com a sua carreira, seja estratégico.

2 comentários:

André Debevc disse...

Não é à toa que esse tal de Bruno Panhoca é respeitado e conquista amigos, e principalmente admiradores, por onde passa.

É isso aí, meu caro. No mercado disputado de hoje, quem é uma coisa só corre o risco de, logo, não ser nada. Ou como diz a filosofia oriental: o que não dobra, quebra.

Ser flexível e saber se adaptar é fundamental. Junte suas experiências. Com certeza cada uma trouxe algo bom pra carreira.

Albano Neto disse...

Muito bom Bruno. O post foi perfeito.


Realmente é impressionante a quantidade de novos planners xiitas que temos hj no mercado.

A melhor maneira de mostrar o que deve ser feito por um planner dentro da agência e trabalhando para conquistar o respeito de todos e não dando chiliquinhos.

Abs,

Albano