sexta-feira, 1 de maio de 2009

Tempo


No romance “O Leite Derramado”, de Chico Buarque, o personagem central lembra da juventude como “quando éramos velozes e o tempo se arrastava”. Não se refere, é claro, à relatividade física do tempo denunciada por Einstein, mas a outra, existencial.

O curioso é que na juventude, quando “se tem todo tempo do mundo”, queremos viver tudo e além, num átimo. Agora, quando chega a fase em que, como diz meu amigo Abrão, temos mais passado que futuro, desaceleramos, vivemos aquém.


Faço essas observações com o propósito de chamar a atenção para a necessidade de relativizarmos as referências quando definimos públicos, perfis, panoramas, valores, conceitos e tudo o mais que usamos para medir, modelar e costurar o guarda-roupa com que vestimos nossos públicos e ações.


Como entendo toda ação promocional como uma ação de comunicação, vejo que isso, a relativização, leva ao desafio de se falar com a zona de silêncio de cada pessoa onde a realidade assume as formas de múltiplas e particulares verdades. Não se trata, evidentemente, da ferramenta de comunicação dirigida do one to one, mas de conseguirmos enxergar com mais clareza, no atacado em que agimos, as matizes distintas que cada filtro vê.


O tempo, essa abstração, não nos enganemos, continuará parado, calmaria, ou galopante, alazão, dependendo em que ponto estivermos no arco da vida.

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