sexta-feira, 17 de outubro de 2008
A crise bem-vinda
Duas semanas, ou um pouco mais, depois de o apocalipse na economia mundial ser anunciado, e a turma do “deixa-disso” ter entrado em campo, as notícias dos efeitos da crise em nosso meio começam a surgir.
Uma baciada de profissionais foi demitida em grandes agências e a conta foi espetada no imbróglio financeiro que começou nos EUA. Não faz sentido. Por mais conectados e interdependentes que estejam os mercados, decorreu muito pouco tempo para que medidas extremas tivessem que ser adotadas.
Paira no ar o acre aroma de oportunismo com o qual as empresas promovem reformas conjunturais justificando as atitudes dentro de um panorama estrutural.
Os prejuízos realizados por grandes players não ocorreram sobre a liquidez dessas empresas, embora, mais à frente, devam se refletir sobre elas. Aí sim, o bicho vai pegar, caso não haja medidas compensatórias como as que estão dando uma sobrevida a vários bancos.
Restrições a créditos, revisão de planos de investimento e mesmo recessão em alguns setores de atividade justificam-se, mas não para aqui e agora. O próprio mercado imobiliário, onde tudo aparentemente começou, no Brasil ainda tem um considerável estoque de imóveis prontos e em fase de conclusão que precisa ser desovado e isso não deixa espaço para cortes profundos em linhas de financiamento.
Muitas águas turbulentas ainda vão rolar sob a nossa ponte e, por conta delas, a falta de visão estratégica, que faz as agências tocarem sua vida na base do carpe diem, terá uma desculpa convincente.
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