Na peça ou, para ser mais preciso, na performance teatral “L’Oratorio d’Aurélia”, que esteve em curtíssima temporada por São Paulo, tive a oportunidade gratificante de ver que se o sonho, como comunicou Lennon, havia acabado, a magia, muito pelo contrário, estava vivíssima.
Utilizando elementos circenses e principalmente truques do ilusionismo, Aurélia Thiérrée e sua trupe criaram um universo de alumbramento no palco como se a boca de cena fosse o portal para uma outra dimensão.
Uma sucessão de esquetes mostrava os fragmentos de uma realidade que ocorria num plano não-real no qual narrativas surreais envolviam-nos num discurso feito com um novo léxico e numa desvairada sintaxe.
Com tudo isso, o “L’Oratorio d’Aurélia” corria o risco de ser um patchwork de retalhos fantásticos feitos apenas para deslumbrar mas, ao subverter nossa razão, habilitou-nos a olhar o mundo e a vida pela ótica da imaginação.
Se quisesse ver o espetáculo apenas como entretenimento, já teria valido o programa, mas ele serviu também, e muito, como referência para minha visão do trabalho em marketing promocional.
Uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a capacidade criativa da produção em realizar efeitos tão encantadores, a ponto de provocar na platéia reações infantis, utilizando recursos os mais simples. Nada de eletrônica nem de traquitanas eletromecânicas. Tudo calcado em dotes acrobáticos, de dança e de prestidigitação, somados a prosaicos engenhos emprestados do teatro de marionete.
Outro ponto a destacar é como a inversão da leitura, a subversão do ponto de vista e da lógica criam uma comunicação de muito maior impacto que o discurso lógico e linear. Nesse sentido, a força da comunicação feita preponderantemente através de imagens é outro fator que sobressai no espetáculo, que praticamente não tem diálogos.
Considerando que no início de cada job já somos dirigidos a formular ações com o uso de ferramentas mobile, digital e outras hitech, a possibilidade de comunicar pela emoção com recursos tão simples é ao mesmo tempo uma esperança e um desafio.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
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