quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Lembro-me de alguns bons momentos de minha infância em Goiânia, e muitos deles se passaram no Jaó, clube tradicional da cidade. Ah! O sol quente do verão goiano, as piscinas límpidas e refrescantes, o picolé da Kibon ainda com a logomarca antiga, as tardes inteiras na quadra de futebol de areia...

Mas vamos parar de saudosismo e ir direto ao ponto. No Clube Jaó havia um grande toboágua, o maior que eu já tinha visto. Era uma descida em linha reta, daquelas de dar medo, que terminava em um piscina que parecia não ter o comprimento suficiente para amortecer a queda dos "avuntereiros". Por isso mesmo não era qualquer um que podia encarar o desafio. Na entrada do toboágua - que era controlada por um salva-vidas - ficava uma placa com a imagem de um menino que apontava e dizia: "Você precisa ter essa altura para brincar".

Você deve conhecer essa placa. Ela é muito comum em parques de diversão e já faz parte do imaginário popular. Talvez por isso ela tenha sido a inspiração dessa ação para a Unicef:



"Crianças precisam ter apenas essa altura para lutar"

Eu particularmente gosto bastante da ação porque ela choca e incomoda. Enquanto os filhos dos adultos impactados precisam ter determinada altura para andar numa montanha-russa, por exemplo, muitas crianças da mesma idade já estão indo para a guerra.

Antes de me tornar planner eu trabalhava como redator, e em uma das agências (PMK Involvement Marketing) trabalhei com clientes do terceiro setor. Minha função era convencer as pessoas em poucas páginas a tirar a bunda da cadeira, ir até o banco, colocar a mão no bolso e pagar o boleto para fazer uma doação. E você não consegue isso com títulos bacaninhas ou discursos vazios e utópicos. Você precisa escancarar a dura realidade, esbofetear a pessoa com argumentos reais estampados em palavras viscerais. Não podemos esperar que as pessoas sejam boas por conta própria. Precisamos pegá-las pelo braço, chacoalhá-las e gritar: "Vocês precisam ser boas senão uma criança de 7 anos vai morrer com um tiro no meio da testa em Ruanda!".

Obviamente você tem mais possibilidades de fazer isso no marketing direto, mas creio que essa ação promocional cumpriu seu papel de causar incômodo num momento em que todos estão pensando apenas em se divertir.

Eu só acho que a peça deveria ter um call-to-action com mais destaque, mostrando como a pessoa deve agir para ajudar. Ao invés disso há apenas o site da Unicef em tamanho microscópico no rodapé. Um erro infantil.

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