Com freqüência, grande parte da força de trabalho nas agências de promoção é alocada para realizar projetos promocionais nos quais o objetivo número um é dar um show na apresentação, encantar o cliente. É lógico que dar show, no sentido de apresentar uma campanha planejada criativamente e bem estruturada, deveria ser default, fazer parte do piloto automático. Mas a coisa não é bem assim. Quando a palavra show faz parte do rebrifing da agência, ela vem como se fosse uma senha para liberar geral, propor qualquer coisa, desde que deslumbrante, mesmo que sem estabelecer nenhuma relação de causa e efeito com os reais objetivos da campanha. Aí vale tudo, desde performances teatrais que vão atingir centenas de pessoas numa praça para uma marca de distribuição em âmbito nacional com alguns milhões de consumidores, até soluções de comunicação no ponto-de-venda que só seriam possíveis se o cliente comprasse a rede de supermercados. Ou então ações que serão registradas em vídeos e depois irão bombar no YouTube, sem se preocupar com qualificação e adequação do público.
Outra forma de dar show, essa bem antiga, é gerar uma única idéia apressadamente para usar o resto do tempo replicando a mesma solução numa miríade de peças tentando aplicar a máxima goelbbesniana da verdade que se constrói pela repetição de uma afirmação.
Bem, pelo que estou dizendo, podemos então concluir que este post é um manifesto contra a ousadia e a favor do pensar pequeno e fazer com o menor esforço. Porém, o show ao qual critico é a eterna tentativa de prestidigitação para encantarmos o cliente, como o sopro da flauta do indiano supostamente faz com a serpente.
Continuo acreditando que nosso único produto é a idéia, o resto são embalagens com as quais a vestimos. Lógico que uma boa apresentação é fundamental para que o cliente consiga visualizar a idéia, mas essa tem que ser a medida.
O show pelo show, diante de clientes mais experientes, pode até fazer o feitiço virar contra o feiticeiro. Observe como campanhas aprovadíssimas pelo escalão inferior dos clientes, devido aos truques de ilusionismo na aprovação, dificilmente passam incólumes pelo escalão superior.
A tão justamente criticada junioridade nos clientes é outro fator que alimenta nosso tropical show que dificilmente vira business.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
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3 comentários:
Genial.
Mais uma vez...
um post maravilhoso sobre o verdadeiro show de horrores que assola algumas agências.
e aproveito para incluir mais um na lista: quando a agência tem uma idéia medíocre e se vale dos mil e um efeitos de animação e recursos do power point para tentar encobrir a sua falta de estratégia e de criatividade.
e sabe o que é mais triste, existem pessoas que acreditam piamente que montar esse tipo de ppt é fazer planejamento.
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