sexta-feira, 23 de maio de 2008

Job: vencer a segunda guerra

O melhor de trabalhar com planejamento, na minha opinião, é que, com o treino diário em buscar soluções estratégicas e criativas no campo da comunicação, acabamos aprendendo a pensar estrategicamente com criatividade em praticamente qualquer área.

Para quem já reparou que cada vez menos escrevo sobre comunicação por aqui, aí vai outro post cujo objetivo é somente inspirar...e quem não está entendendo nada, leia esse post da Robi e tente abrir um pouco mais a cabeça.

Então imagine que você está trabalhando no órgão de inteligência do governo inglês, em 1940, e o seu job é vencer a segunda guerra. Você sabe que sozinho não conseguirá bater a Alemanha de Hitler, e por isso precisa de aliados, mais especificamente de uma mãozinha da potência emergente, os Estados Unidos.

Aí você passa a ter um problema secundário. A opinião pública do país que você quer como aliado não está lá muito favorável. Os americanos acham que a guerra já está praticamente vencida pela Alemanha e que, portanto, entrar nessa briga vai ser inútil. O presidente e o congresso não estão com vontade política de passar por cima da opinião pública. E agora?

Em 1940 os termos "boca-a-boca", "buzz marketing", "seeding strategy" e outros do gênero provavelmente não eram conhecidos, ou nem tinham sido inventados, mas alguém pensou estrategicamente e utilizou muita criatividade para uma solução inesperada.

Claro que os Estados Unidos não entraram na guerra só por causa disso, e assim como em muitas ações promocionais, é difícil medir o quanto essa jogada de fato contribuiu, mas o que eu li nessa notícia não deixa de ser genial mesmo assim.

Se um dos fatores críticos era a opinião pública americana, alguém decidiu que o ideal seria convencer algumas pessoas imporantes da alta sociedade, ou seja, formadores de opinião, alphas, trendsetters, ou seja lá qual nomenclatura você queira dar a quem está no topo da pirâmide em termos de influência, de que Hitler poderia ser derrotado sim.

E como fizeram isso? Enviaram um polêmico astrólogo, sabidamente charlatão, mas muito respeitado por parte importante desses formadores de opinião, para uma missão nos Estados Unidos. Esse cara foi lá e prestou seus "serviços" para algumas dessas pessoas, garantindo a todos que suas previsões indicavam uma derrota dos nazistas.

Com mais confiança, essas pessoas "consultadas" pelo astrólogo provavelmente começaram a passar a notícia para a frente, e quando uma mentira é contada muitas vezes, vocês sabem, ela vira verdade, não é mesmo? O ponto aqui é a moral do exército. O simples fator psicológico de acreditar ou não na possibilidade de vitória já é meio passo para a conquista do objetivo. Genial não?

Também muito curioso é que o mesmo astrólogo convenceu o governo inglês de que, uma vez que Hitler era muito ligado em astrologia, ele mesmo poderia prever os próximos passos do ditador baseado em previsões geradas à partir de seu signo. Os ingleses compraram a idéia, e os relatórios do astrólogo. Bom para o astrólogo, ruim para os britânicos. Nesse caso parece que havia uma informação propositalmente errada no briefing: Hitler podia ser louco, mas não acreditava tanto assim em astrologia.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Quanto maior a mentira, maior a chance das pessoas acreditarem". Hitler