segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Promoplanners na Conferência do GP - parte 4

Em meu primeiro post sobre a Conferência do GP, que aconteceu na última quinta-feira, vou falar sobre a Sessão Paralela do David Laloum, diretor de planejamento da Y&R.

E acho que não há maneira melhor de começar do que transcrevendo uma afirmação que ele repetiu umas 3 vezes durante sua palestra, intitulada de Pimp my Planning: "Eu não sou planner. Vocês podem até ser, mas eu não sou". Estranho? Não, pois essa afirmação decorre de uma crítica ao modelo das agências, que não se altera desde a década de 60.

Atendimento, Planejamento, Produção, Mídia e Criação. É assim há muito tempo. Se bem que hoje em dia temos também o departamento de Internet, mas essa mudança foi mais uma exigência social do que estrutural.

Por que temos esse cenário estático? Porque a propaganda é um negócio altamente lucrativo (não diga!), e muita gente quer que continue assim. Não mudam por medo de arriscar.

Mas o David acredita que as coisas precisam mudar. Precisamos testar novos modelos e estruturas de trabalho. Algo mais orgânico e natural. Porque é justamente disso que precisamos para encontrar novos caminhos e soluções criativas. Algo menos engessado, menos setorial. Talvez para isso precisemos de profissionais mais heterogêneos, abandonando a cultura da especialização.

Entenderam por que ele não gosta de se rotular como planner? Rótulos são barreiras para a implementação desse modelo de agência mais orgânico...

Outro ponto importante de sua palestra foi uma crítica ao online planning, que é a utilização excessiva da Internet durante o processo de planejamento. Ou seja, o famoso ctrl+c/ctrl+v para o embasamento de idéias. Isso acaba criando profissionais preguiçosos e atrapalhando a evolução de seu trabalho.

Continuando o assunto, ele falou da atual cultura da superficialidade. Varremos a Internet em busca de referências, visitando dezenas de sites e blogs. Não que seja ruim ir atrás de referências, afinal essa é uma exigência do mercado. O problema está no fato de que acabamos vendo tudo "por cima", superficialmente, e é cada vez mais raro nos aprofundarmos em qualquer assunto. Ferramentas como leitores de RSS contribuem para esse cenário, uma vez que nos entregam informação em pílulas sem nos dar nenhum trabalho.

Ele até brincou que entre "Update or Die", escolheu Die. Concordo com ele, e depois dessa palestra até mesmo cancelei a assinatura de alguns de meus feeds. Vou manter apenas aqueles que me fornecem um conteúdo mais rico.

Para finalizar, minha visão geral da palestra: gostei bastante pelos "toques" profissionais que ele deu, e que poderei utilizar em meu dia-a-dia. Além disso, o jeitão de francês afetado do David Laloum é muito engraçado, o que sempre nos faz dar boas risadas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom post! A frase que o Laloum falou de que mais gostei foi: "é preciso separar os movimentos das agitações". Virou meu lema!

Anônimo disse...

Se vocês devem estar lembrados, em meu primeiro post comentei algo muito concordante com o exposto pelo David Laloum, conforme relato do Gustavo. Em especial o modelo já antigo de organização do pensar e fazer nas agências (que é mais antiquado ainda no setor promocional), que fazia da construção das idéias (a tal de criatividade) um discutível privilégio de um feudo. Via (e vejo) também a organização dos planejadores como um movimento em direção a algo que já começa a tomar forma como "planejamento criativo" que, apesar de adjetivar estranhamente o pensar estratégico, é um sinal de para onde as coisas caminham. Quanto a heterogeneidade em contrapartida à especialização, também me referi ao assunto citando inclusive o período do renascimento no qual não havia divisão entre o sapiens e o faber (vide Da Vinci, Michelangio e tantos outros).
É bom que saber que estamos sintonizados, não pelo alinhamento à voga, mas pela oportunidade de estamos vivendo a transformação para o novo.