sexta-feira, 9 de novembro de 2007

mania de manifesto

Não fiz nenhuma conta sobre o assunto mas acredito que de cada 10 briefings que tenha recebido nos últimos meses, pelo menos, vá lá, 7, pediram um "manifesto", "video manifesto" ou qualquer outra coisa que seja parecida com isso. Daqui a pouco qualquer sampling ou compre-ganhe terá um manifesto próprio.

Diretamente do Houaiss temos a seguinte definição para manifesto (pelo menos a que melhor se encaixa no caso): "declaração pública e solene, na qual um governo, ou um partido político, um grupo de pessoas ou uma pessoa expõe determinada decisão, posição, programa ou concepção".

Observação 1) Será que qualquer marca realmente tem algo a ser manifestado? Uma decisão? Uma posição? Um programa? Uma concepção? Duvido.

Observação 2) Mesmo assim, vamos supor que tenha vai. Mas essa concepção, esse programa ou seja lá o que for deriva de um sentimento das pessoas que constroem a marca, sejam elas a equipe de marketing da empresa, os operários da linha de produção ou mesmo os consumidores, ou é só uma sacadinha do redator ou do planejador?

Observação 3) Um dos manifestos mais famosos do mundo é o Manifesto Comunista, documento que, para o bem e para o mal (opinião pessoal: mais para o mal) mudou o mundo. Mudar o mundo é muita pretensão para o uma marca, mas digamos que, no papel de criativo ou planejador, você esteja criando um manifesto agora mesmo. Esse manifesto tem o poder de mudar ou inspirar alguma coisa na vida dos consumidores ou é mais uma balela?

Observação 4) Resolvi escrever esse post depois que li em um briefing a expressão "manifesto da campanha". Oras bolas, manifesto é coisa grande, coisa que tem que estar na ponta da língua do presidente da empresa, do gerente da marca, do assistente dele, do atendimento da conta e por aí vai. O manifesto lido pelo consumidor tem que encontrar um eco imediato em seu coração. Mais do que isso, manifesto é algo que deve durar anos, que deve ter nascido da vontade do criador da marca/produto ou então de um fenômeno gerado pela forma como as pessoas se relacionam com ela/ele. Manifesto é sempre da marca, nunca da campanha daquele momento.

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