segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Brasileiros - o time do contra
Nós brasileiros somos um povo muito invejoso. Acho que essa culpa católica que nos é imposta desde os tempos do Cabral e esse sentimento de país de 3º mundo sempre fez a gente achar que aqueles que vivem acima da linha do equador sejam muito melhores na publicidade do que nós tupiniquins.
A “elite” brasileira então é aquela que só admira produções internacionais, que vai à Broadway assistir qualquer peça e é incapaz de ir ao cinema assistir um filme nacional. Que acha o Obama o máximo e vive falando mal do Lula.
No mundo das produções publicitárias isso não é diferente. Todo ano Cannes se enche de inscrições de todo o mundo e ficamos ansiosos para ver os projetos que levarão o leão para casa. A cada case premiado fazemos um raio-x da ação e admiramos a ousadia, a inovação, o storytelling, os filmes, as ações de BTL, a repercussão, os resultados... enfim, tudo!
Agora quando a campanha é brasileira os comentários mudam de figura: é fantasma, é chupado, é fake, é ruim, é de mau-gosto, e o ó. Basta alguma agência, cliente ou pessoa se tornar foco do holofote brasileiro para que todos que estão olhando comecem a atacar com ovos, tomates e o que mais puder para desmerecer o destaque ou não dar o devido crédito.
A TV brasileira quando dá destaque a uma situação inusitada em seus telejornais, ao invés de dar crédito a quem proporcionou, não fala a marca porque não quer promover uma empresa a não ser que ela pague para isso. Sempre vemos: “A empresa líder no segmento de refrigerantes” ou “Uma empresa aérea brasileira”.
O contrário não é verdadeiro. Basta uma notícia negativa sobre a empresa para já falarem em alto e bom som para todos e nos mais diversos meios “A queda do avião da TAM”.
E desse jeito ficamos aqui em terras tupiniquins imaginando como poderíamos realizar cases tão bacanas como aqueles que acontecem fora do Brasil.
Aí eu me pergunto: E os cases internacionais também não podem ser fantasmas? Será que os virais também tinham a turma do torce contra para destruir a história?
Será que quando o case O melhor emprego do mundo começou alguém foi “alertar” a todos nos blogs, twitters e outros meios digitais dizendo que aquela história era uma CAMPANHA DE MARKETING para promover o turismo em Queensland?
Será que a SEGA e a Wieden Kennedy de New York tiveram pessoas que se manifestavam dizendo que o case Beta-7 era uma “jogada de marketing” para promover o jogo?
Cases assim, para mim, são experiências de entretenimento. Nelas, assim como nos filmes, séries e novelas você nunca gosta de quem dá o Spoiller porque estraga o final da história. Então caro brasileiro, se você não gostou do case, ignore-o, mude de canal... ou então curta a história com aqueles que estão interessados. Mas por favor, se você sabe, não grite o final do filme. Atrapalha quem tá assistindo, ok?
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2 comentários:
Acho que a coisa é bem por aí mesmo, Matheus.
Aqui na Espanha, a fantasmagoria é muitíssimo maior, e muitíssimo menos desprezada.
Acho que, se você trabalha com propaganda, tem que julgar se o negócio é divertido ou não, e se é eficiente ou não, e não tacar pedra em algo só "pq é mkt".
Os que falam isso são os mesmos chatos que reclamam do barulho das naves de Star Wars porque "não é científico".
Parabéns pelo discernimento.
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