segunda-feira, 8 de junho de 2009
Estúpido cupido
Estava na festa de aniversário de um amigo, num bar avarandado, quando, da rua, veio alto o trovejar de um carro de som ululando para quem quisesse (e principalmente para quem não quisesse) ouvir quanto sua namorada o amava. Houve quem achasse aquela declaração hiperbólica um mico, outros, mais leves, se divertiram e muitos se emocionaram sinceramente com o gesto rasgado.
Em outra oportunidade, também num aniversário, um quarteto de seresteiros irrompeu na reunião entoando standards românticos que culminaram com o irrepreensível Carinhoso.
Esses momentos emblemáticos vieram à minha lembrança por ocasião do indefectível Dia dos Namorados. É uma data comercial (qual não é?), todo mundo sabe e assim a reconhece. Mas as pessoas vão se sentir gratificadas pela lembrança, menos amadas se não lembradas e até deprimidas quando sem um amor para delas lembrar ou esquecer.
O amor, parece-me, precisa mesmo se realimentar de gestos, exagerados como um tango ou sussurrantes como um chorinho de Pixinguinha.
Afinal, como sentenciou Fernando Pessoa, “todas as cartas de amor são ridículas”, para depois suspirar “quem me dera o tempo em que as escrevia sem me dar por isso”.
Disso tudo vejo pouco, quase nada, nas ações promocionais do Dia dos Namorados. Cupido, vai ver, não flechou o planejamento promocional.
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