terça-feira, 4 de novembro de 2008

O livro e o marketing – Parte 1


Uma coisa é o aumento de leitores de livros, outra é como fazer marketing de livros para um mercado pequeno, mas que existe.

O primeiro aspecto dessa questão foi muito bem explicado numa série de cinco posts intitulada “Dia dos Livros”, escrita por Roberta Carusi, do blog Planejamento Criativo.
O baixo número de leitores e, entre estes, de leitura, sustenta-se no tripé analfabetismo funcional (68% da população), falta de hábito de leitura (1,3 livro/ano, descontando-se os didáticos) e dificuldade de acesso (distribuição e preço/custo).

Uma coisa alimenta a outra e a resolução de um dos pontos isoladamente não paralisaria o círculo vicioso. Exemplo: se reduzíssemos o analfabetismo funcional de maneira significativa, isso não geraria novos leitores automaticamente, pois ainda restariam as pernas “hábito” e “acesso”. Mas se, indo mais a fundo, junto do analfabetismo funcional solucionássemos a acessibilidade ao livro, ainda assim teríamos o entrave da falta de hábito (leia-se necessidade) de leitura.

A predominância da esfera da imagem em nossa forma de obter informação e entretenimento pegou-nos no momento em que nos urbanizávamos, quando ainda não tínhamos formado uma cultura literária de massa; a herança rural era a da informação como forma de poder e divisão de classes. Tanto que, no passado, uma das primeiras providências dos anarquistas, sindicalistas e socialistas (todos movimentos essencialmente urbanos) era lançar um jornal.

Assim, não vejo como formarmos um contingente de leitores daqui para a frente, uma vez que a necessidade de informação será sanada por outras mídias. Há quem sustente, e sou inclinado a concordar, que somente as palavras podem comunicar idéias e formular pensamentos. Por esse raciocínio às imagens cabem comunicar conceitos fechados, emocionais e até subjetivos, mas não reflexivos.

Não tenho dados, mas desconfio que o número de leitores (ou a média de leitura) tende a diminuir ainda mais quando as novas gerações (alfabetizadas) migrarem ainda em maior número da logoesfera para a videoesfera, na qual o livro é uma mídia anacrônica.

Considerados esses pontos, fica a questão: por que pensar em marketing para um mercado em extinção? Respostas no próximo post: O livro e o marketing – Parte 2.

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