terça-feira, 15 de julho de 2008

Ascendendo para cima



Nem sempre o vício de linguagem que afirma que algo ou alguém subiu para cima é de fato um pleonasmo. Há circunstâncias nas quais, por mais óbvio que seja, precisamos lembrar que quem sobe necessariamente vai para cima com tudo que esse “para cima” implica.

Esse é o caso da agora tão comentada ascensão da classe D para C. Em post passado e mesmo na palestra do Marinho “Blue Bus” sobre baixa renda, observei que esse mercado não era uma classe D com maior poder aquisitivo e sim um sub (ou sobre) estrato da classe C. E isso faz uma diferença enorme. Uma classe D com mais dinheiro ou crédito significaria apenas aumentar as ofertas dentro dos (sub) canais de distribuição já conhecidos, coisa que, de forma equivocada, muita empresa se assanhou em fazer: “popularizar” a marca através do canal de distribuição ou criando versões “pé-de-boi” de seus produtos.


Um novo estrato dentro da classe C, por sua vez, significa receber um contingente de consumidores que irá adotar a cultura e, por conseqüência, o comportamento de consumo da classe à qual ascendeu. Ou seja, irá comprar marca, sim, e dentro dos canais de distribuição padrão C, no minimo. Aí, ponto para quem percebeu isso, como podemos ver na nova comunicação da seção de móveis das Casas Bahia.

Através de encartes com uma produção caprichada, montando ambientes com design classe B, a rede varejista que, parece-me, entende de comércio popular, põe sua roupa de domingo para receber os novos consumidores em suas lojas, mostrando na prática que é preciso estar atento para o fato de que quem ascende o faz para cima em todos os sentidos, principalmente o existencial.

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