terça-feira, 11 de março de 2008

Oráculo da Pequena Buda

"Pequena Buda,

Sou um promo planner em início de carreira. Aqui em minha agência, tenho observado que nunca é possível sair dos padrões, dos vícios, dos formatos tradicionais, das ações de sempre. O cliente que sempre faz ação de abordagem sempre continua querendo a mesma ação e nem ouvem o que eu digo na reunião. Por quê, oh, Pequena Buda? Será que minha agência é tão ruim? Ou meu chefe que é idiota? Será o cliente, que não tem imaginação nem coragem para mudar? Devo procurar um outro lugar, onde eu seja ouvido? Iluminai!"

Pequeno Gafanhoto, aaaaah… a liberdade. Como deve ser bom ter a liberdade de propor o que nos der na telha, ser livre para argumentar com nosso chefe, ser o nosso próprio chefe, propor coisas novas, diferentes, eficientes, sermos ouvidos, valorizados e reconhecidos.

Mas até chegar aí, há um enorme caminho. Um longo e tortuoso caminho. Conheces a metáfora mais poderosa sobre a relação do homem com a liberdade, Gafanhoto? Fiedrich Nietzsche que me perdoe, mas vou adaptá-la ao mundo das agências de Marketing Promocional. É a fábula do Camelo, do Leão e da Criança.

Quando começamos na carreira, estagiários, novinhos, verdes, um livro quase em branco, somos Camelos: obrigados a comer, assimilar e armazenar, por um longo tempo, dados, histórias, ensinamentos, conselhos, micos, experiências acumuladas por todo mundo que está à nossa volta: Chefes, Atendimentos, Redatores, Planners, a tia do café e o ajudante do motoboy. E mais o que é dito nas faculdades, reuniões, cinemas, festas, teatros, livros, internet etc.

O Camelo rumina, rumina, rumina toda essa informação até construir seu próprio universo cognitivo, com valores e crenças, métodos e atalhos, bons e maus exemplos, conquistas e fraquezas apontadas.

A maior parte do mercado fica vivendo ali... como Camelo: assimilando, observando, aceitando, engolindo, sem potencial crítico ou repertório suficiente para analisar seu trabalho de forma isenta e descobrir genuinamente o que é positivo e o que precisa ser ajustado. O camelo é todo emoção. Se revolta, entra em conflito, muda de caminho, culpa terceiros, evita críticas.

Alguns poucos entre os Camelos viram Leões. E, veja: nenhum Leão é Leão sem antes ser Camelo. Os Leões são feras que criam caminhos novos, que subvertem, que questionam, que transgridem, que tentam mudar. Fazem isso porque dominam seu trabalho e têm segurança, portanto, dos caminhos a seguir. E porque dominam seu trabalho podem tentar novas formas de fazê-lo.

E então os Leões começam a ser seguidos pelos Camelos. Viram líderes e precisam saber lutar com outros Leões por seu território. São capazes de dedicar sua vida e até morrer pelo que acreditam. Mas é porque o Leão está preso ao que ele é contra.

Agora, se o Leão conseguir passar por uma enorme, radical e formidável revolução interior, ele deixa de ser Leão e passa a ser Criança. Um profissional nem só paixão nem só razão. O Camelo vive no passado, o Leão, no futuro e a Criança, no aqui e agora.

Só aí, Gafanhoto, é que você estará pronto. Terá andado o caminho todo.
Antes disso, compreenda: tudo tem seu tempo. Não há porque se frustrar.

Sim, pode ser que sua agência seja ruim, seu chefe medíocre e seu cliente, um covarde.
Mas pode ser que não.

Liberdade (é querer o que a gente pode).


A Pequena Buda nasceu entre as reuniões de Gerentes e a maravilhosa salinha do Planejamento Criativo do Banco de Eventos. Fez tanto sucesso que, hoje, tem uma coluna fixa em um dos meus blogs pessoais. Mas, por ter vivido tanto tempo em agência, aceitou imediatamente e sem dificuldade esse freela aqui para responder às perguntas que têm aparecido com mais frequência nos e-mails que recebemos de nossos leitores promo planners.

Espero que tenha ajudado ;)

Se quiser consultar o Oráculo da Pequena Buda, fique à vontade. Ela está sempre pronta para iluminar os power points que são nossas vidas. E se não souber a resposta, mente. Mas com convicção, que é pra enganar Cliente.

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